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quero convidá-lo a acessar meu novo site leonardopalmeira.com.br. Lá você vai encontrar todo o conteúdo deste blog além de informações de utilidade pública, um manual prático para pacientes e muitas novidades.

O blog continuará no ar, porém novos artigos serão publicados somente no site oficial. Espero que gostem!

22 de fevereiro de 2011

Reportagem no Fantástico sobre a alta programada do INSS

Você adoece, não consegue mais trabalhar, precisa se tratar para conseguir recuperar sua capacidade laborativa. Seu médico decide lhe afastar e o encaminha para a perícia do INSS. O que parece ser simples e um direito do trabalhador pode se transformar num calvário e num pesadelo. O perito não concorda com seu afastamento, julga que você tem condições de trabalho e te dá alta. A empresa, por sua vez, não reconhece que você tem condições de trabalho, exige um laudo do seu médico liberando-o, afinal, não quer assumir a responsabilidade caso algo de ruim lhe aconteça. De fato, você ainda não está em condições. Você fica sem salário, não tem como custear seu tratamento e passa necessidades. Seu quadro piora pelo estresse e você não tem apoio do Governo, apesar de pagar seus impostos e previdência em dia!

Infelizmente isso tem acontecido com uma frequência cada vez maior. Todo o médico que possui pacientes afastados (e a psiquiatria é, junto à ortopedia, a especialidade que mais afasta do trabalho) conhece bem esta realidade. Pacientes se queixam de serem maltratados e algumas vezes humilhados na perícia, sentindo-se como se estivessem fraudando a previdência ou simulando alguma doença grave. Não raro pioram muito de seu estado psíquico antes e depois da perícia médica, necessitando de aumento das dosagens dos medicamentos para passarem pelo trauma que se tornou a perícia do INSS.

Não é possível que as autoridades da previdência ainda não fizeram um diagnóstico desta situação, que é tão clara para nós médicos e pacientes. Parabéns ao Fantástico da Rede Globo por ter abordado este tema! Espero que a situação mude também com a nova lei que suspende a alta programada. Desejamos que as perícias sejam mais criteriosas e humanas, como é o atendimento médico que essas pessoas muitas vezes recebem.


Governo quer proibir medicamentos para emagrecer.

O Brasil é um dos países com a maior receita de anfetaminas e emagrecedores do mundo, o Governo nunca controlou bem a comercialização deste tipo de medicamento no país, agora parece ter acordado para o problema.

A sibutramina já foi proibida na Europa, o laboratório que a desenvolveu já suspendeu a produção no mundo todo, restando apenas genéricos e similares. Com certeza estas medidas não foram à toa.

Anfetaminas aceleram o metabolismo, emagrecem, mas deixam as pessoas dependentes delas. Algumas surtam e tem problemas psiquiátricos graves, que depois requerem um tratamento independente e por longo período. O problema que não se tem como prever quem vai reagir mal à medicação. É um risco! Isto sem falar que a maioria dos pacientes que usaram anfetaminas ganharam tudo o que perderam e um pouco mais depois que pararam o remédio.

O que emagrece é mudança de hábitos, atividades físicas, tratamento da compulsão, se houver (com psicoterapia e medicação anti-compulsiva). Nem a sibutramina e nem a anfetamina são capazes de tratar a compulsão, pelo contrário, já vi pacientes piorarem da compulsão com esses medicamentos por se tornarem mais impulsivos.




Proposta de proibir os emagrecedores que atuam no sistema nervoso central, como a sibutramina e os derivados de anfetamina, foi anunciada a entidades médicas da área; para especialistas, decisão é radical e deixará pacientes sem alternativa de tratamento.

O reinado dos remédios emagrecedores está por um fio. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer banir de vez a comercialização de todas as drogas usadas para emagrecer que atuam no sistema nervoso central: a sibutramina e os derivados de anfetamina (femproporex, dietilpropiona e mazindol).

A única droga para o tratamento da obesidade que continuará liberada será o orlistate (Xenical), que atua diretamente no intestino, reduzindo em cerca de 30% a absorção de gordura.

Diante de estudos que apontam que o consumo de sibutramina aumenta o risco de problemas cardíacos, desde o ano passado a Anvisa impôs novas regras e endureceu os critérios de venda dessa droga - considerada de primeira classe no tratamento da obesidade. Ela deixou de ser vendida como medicamento comum e passou a integrar a categoria dos anorexígenos, drogas que exigem receita especial.

A proposta de proibir os emagrecedores foi anunciada a especialistas e entidades médicas da área na semana passada e será publicada hoje no site da agência, junto com um parecer explicando os motivos.

Radical. Para médicos endocrinologistas que atuam no combate à obesidade, a medida é radical demais e vai deixar os pacientes sem opção de tratamento, já que o controle da fome e da saciedade ocorre no cérebro.

"Quase metade da população brasileira tem sobrepeso. Muitos pacientes não conseguem perder peso com o tratamento clínico convencional, que inclui dieta e exercícios físicos. Como vamos controlar a obesidade desses pacientes sem mexer no cérebro?", diz o endocrinologista Márcio Mancini, chefe do departamento de obesidade do Hospital das Clínicas (HC).

Segundo Mancini, o estudo no qual a Anvisa se baseia para tentar banir a sibutramina foi feito em pacientes com mais de 55 anos, com doença coronariana. "Nós já não indicávamos sibutramina para pacientes cardíacos. O que vamos fazer com o resto da população obesa?"

A presidente da Associação Brasileira para Estudos da Obesidade (Abeso), Rosana Radominski, afirma que a Anvisa não considerou as atuais diretrizes sobre tratamento da obesidade. "Os técnicos não levaram isso em consideração. Como eles defendem mudanças de hábitos e exercícios físicos, ficará a ideia de que só é gordo quem quer. Colocaram no mesmo saco o profissional sério e os que promovem o uso indiscriminado dessas drogas. O correto seria intensificar a fiscalização."

A endocrinologista Cláudia Cozer, diretora da Abeso, concorda. "A grande maioria dos pacientes toma esses remédios com critério e com acompanhamento. Retirar do mercado é uma medida drástica."

Fonte: O Estado de São Paulo (15/02/11)

17 de fevereiro de 2011

Estudo sobre o crack no Brasil (UNIFESP)


Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) acompanharam por 12 anos 107 dependentes de crack. Após esse período, 40% haviam parado de consumir a droga, 25% estavam mortos, 12% presos e 20% continuavam dependentes. Entre os que ainda faziam uso frequente, mais da metade estava empregada. Do total, 29% estavam abstinentes havia pelo menos cinco anos.

Os 107 pesquisados passaram por cerca de três semanas de internação no Hospital Geral de Taipas entre 1992 e 1994. Depois da alta, foram submetidos a três avaliações: após dois, cinco e 12 anos. Ao longo desse tempo, verificou-se uma diminuição no ritmo de mortalidade, o que, segundo a principal autora do estudo, a psicóloga Andrea Costa Dias, revela que os usuários se adaptaram ao contexto de violência do crack e desenvolveram estratégias para minimizar o risco associado ao consumo da droga. "As mortes por crack são principalmente causadas pela violência. Nossa hipótese é que os usuários foram aprendendo a lidar com a polícia, com os traficantes e desenvolveram estratégias para evitar a overdose e conseguir manter um uso controlado", afirma.

Os dados da pesquisa, continua Andrea, mostram que há diversos padrões de consumo da substância e contrariam a ideia de que o crack é uma droga avassaladora, que mata em pouco tempo e deixa pouca margem para recuperação. "Existe uma aura de terror em torno da droga que acaba estigmatizando os usuários. Isso faz, por exemplo, que os profissionais de saúde se sintam menos motivados em ajudá-los."

Segundo a autora, não foi possível identificar os fatores determinantes para a recuperação dos dependentes. Mas verificou-se que a interrupção no uso estava associada à busca por outros tratamentos após a internação no Hospital Geral de Taipas, ao aumento na empregabilidade e a atividades religiosas.

Para o cientista social Luiz Flavio Sapori, autor do livro "Crack: um desafio social", o dado mais relevante é o alto índice de mortalidade no grupo. "Mais de 30% dos usuários ou morreram assassinados ou foram presos. É um índice muito maior que o de qualquer outra droga e absolutamente preocupante", diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Fonte: Globo.com

Reportagem do Jornal O Globo sobre a Psicocirurgia no TOC

A lobotomia e o eletrochoque, práticas que no século passado eram usadas para tratar doenças mentais, estão sendo atualizadas e ganham novas aplicações, como, por exemplo, o controle do transtorno obsessivo compulsivo, o TOC. A volta dessas técnicas, que já foram usadas até em tortura, causa polêmica e põe de um lado aqueles que argumentam ser a última chance para pessoas que sofrem de distúrbios graves sem solução com métodos de rotina, e críticos, que afirmam se tratar de opções experimentais que levam pacientes a correrem riscos. Para eles, não há provas da validade dos novos métodos.

Pela primeira vez desde que a lobotomia (retirada parcial ou total de um lobo do cérebro) caiu em descrédito na década de 50, cirurgias para tratar transtornos de comportamento ganham adeptos, mas geram polêmica. Nos EUA, ela gira em torno da operação para tratar o TOC.

Há dois anos, a agência americana que controla drogas e alimentos (a FDA) aprovou essa operação, mas em artigo na revista "Health Affairs" especialistas dizem que isso foi um erro. Segundo eles, a técnica não foi suficientemente testada, nem a sua eficácia a longo prazo nem os seus efeitos colaterais são bem conhecidos.

- Não somos contra a operação, mas queremos vê-la corretamente testada antes de ser indicada - disse o principal autor do artigo, Joseph Fins, chefe de ética médica do hospital NewYork-Presbyterian. - Com a herança da psicocirurgia, é importante não deturpar as coisas, dizer que é algo é tratamento quando não é.

Na verdade, a técnica para aliviar o TOC, a estimulação cerebral profunda (DBS, na sigla em inglês) é conhecida há décadas, mas só atualmente tem sido mais aplicada. Basicamente é o implante de eletrodos dentro do cérebro para ativar determinadas áreas. Os autores do artigo na "Health Affairs" citam pelo menos um estudo para ficar com o pé atrás com relação à psicocirurgia. Cientistas suecos observaram que pessoas submetidas a outro tipo de cirurgia para TOC (a capsulotomia, que corta circuito cerebral) apresentavam apatia e dificuldade de autocontrole.

Ainda para os críticos, o interesse comercial é que tem impulsionado o uso da DBS. Mas os médicos que usam o método discordam.

- Os pacientes são capazes de tomar decisões com base em nossa experiência - disse Wayne Goodman, da Escola de Medicina Mount Sinai. - Eu não gostaria de privá-los da opção. Sua vidas têm sido tão destruídas pelo TOC que eles poderiam pensar em suicídio se não existisse a opção cirúrgica.

Segundo defensores das técnicas, seus críticos não têm experiência com TOC.

- Acho que a FDA agiu certo - diz Benjamin Greenberg, da Universidade de Brown. - Dados sobre eficácia da DBS não são exatos, e estamos fazendo estudos mais substanciais.

Para o neurocirurgião Alexandre Castro do Amaral, responsável pelo Ambulatório de Neurocirurgia Funcional e Dor do Hospital dos Servidores do Estado do Rio e professor do Instituto de Pós-graduação Carlos Chagas, parte das críticas a técnicas como a DBS se deve ao fato de remeterem à lobotomia, usada muito tempo por regimes autoritários para torturar e punir inimigos.

- Hoje as técnicas em neurocirurgia não têm relação com a lobotomia, que deixava a pessoa abobada. No caso de TOC e Parkinson a estimulação cerebral profunda, quando bem indicada, pode ser a única opção - diz Amaral. - Já existe protocolo para controlar distúrbios alimentares.

Uma medida para casos extremos

Amaral reforça que a cirurgia para TOC só é aprovada em casos extremos, quando nenhum outro tratamento clínico resolve, e ela deve ter pelo menos o aval do psiquiatra do paciente e um outro, neutro. Quanto ao eletrochoque, a eletroconvulsoterapia para depressão grave, Amaral afirma que ela tem indicação.

- Cerca de 20% dos doentes com depressão não respondem a qualquer tratamento, e 30% vão tentar o suicídio. O eletrochoque não vai curar a depressão, mas o paciente ficará livre das crises por algum tempo e poderá responder melhor aos medicamentos - explica.

O neurocirurgião José Oswaldo de Oliveira Júnior, da Central de Dor do Hospital A.C. Camargo , defende a aplicação da neurocirurgia para transtornos mentais apenas em casos bem selecionados e avaliados por uma equipe multidisciplinar.

- Alguns dos tratamentos em psicocirurgia ainda precisam ser validados, outros estão estabelecidos, como no mal de Parkinson. Já esquizofrênicos, por exemplo, poucos melhoram com a DBS. É preciso analisar com muito cuidado cada situação.
Fonte: O Globo - 16/02/11

14 de fevereiro de 2011

Pílulas da felicidade, elas existem?

Vale a pena assistir ao Programa Espaço Aberto Saúde, da GloboNews, veiculado no último dia 9. Traz informações esclarecedoras e diferentes pontos de vista para que o espectador possa tirar suas próprias conclusões.



A prescrição de medicações psicotrópicas, como calmantes, antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos, deve ser criteriosa. São medicamentos muito eficazes para o tratamento de transtornos mentais e que podem devolver a paz e a estabilidade para quem sofre desses males. Não se pode negar sua utilidade na medicina, quem faz o tratamento e melhora com eles, sabe do que estou falando.

O maior problema é quando se receitam medicamentos deste tipo passando por cima da clínica, ou seja, sem a justificativa terapêutica que deveria nortear o bom uso desses remédios. Exemplos de como esses medicamentos não deveriam ser prescritos incluem: antidepressivos para tristezas temporárias e reações estressantes que fazem parte da vida (não se espera a resolutividade natural de alguns episódios reativos, como luto, desemprego, traumas); calmantes para dormir (existem remédios mais modernos que possuem efeito hipnótico sem o risco de deixar a pessoa dependente o resto da vida); antidepressivos para emagrecer (acho um verdadeiro absurdo, não são medicamentos para isso!); utilização de drogas para aumentar a performance (exemplos clássicos: Ritalina antes de provas, Rivotril antes de uma entrevista de emprego, etc).

O que as pessoas precisam perceber é que o uso indevido desses medicamentos pode trazer problemas de saúde mais graves do que a finalidade para a qual está se usando o medicamento pela primeira vez. Somente o especialista sabe avaliar se aquela pessoa pode ou não utilizar determinado medicamento, se está indicado ou não, por quanto tempo e quais os riscos que ela corre tratando ou não. Em medicina tudo envolve risco/benefício. É preciso colocar na balança e ver o que será mais interessante para a pessoa naquele momento e deixá-la o mais consciente possível desta escolha.

Agora, chamar esses medicamentos de pílulas da felicidade é forçar a barra. Em mais de 10 anos de profissão nunca vi esses medicamentos trazerem felicidade. Medicamentos tratam doenças e, a partir de uma estabilidade, cabe a cada um correr atrás de sua felicidade. Neste sentido, um tratamento pode viabilizar a busca pela felicidade, mas não a trará de bandeja para ninguém.