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quero convidá-lo a acessar meu novo site leonardopalmeira.com.br. Lá você vai encontrar todo o conteúdo deste blog além de informações de utilidade pública, um manual prático para pacientes e muitas novidades.

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11 de março de 2014

Depoimento de Wilson ajuda a desmistificar a esquizofrenia e mostra que recuperação é possível.

Depoimento de Wilson ajuda a desmistificar a esquizofrenia e mostra que recuperação é possível.

25 de novembro de 2013

Segunda edição do livro Entendendo a Esquizofrenia


Foi lançado na Bienal do Livro deste ano (2013), pela Editora Interciência, a segunda edição do livro "Entendendo a Esquizofrenia: como a família pode ajudar no tratamento?", autoria do psiquiatra Leonardo Palmeira junto com a psicóloga Maria Thereza Geraldes e a psicopedagoga Ana Beatriz Bezerra. Para saber mais sobre esta segunda edição, o Portal Entendendo a Esquizofrenia conversou com o Dr. Leonardo Palmeira.

 Portal: Quais as novidades desta segunda edição?

 Dr. Leonardo: Esta edição traz várias novidades, não se trata simplesmente de uma reimpressão da primeira, são mais de 100 páginas de conteúdo novo. Escrevemos um capítulo novo que aborda com mais detalhe o tema da recuperação, trazendo a experiência de pessoas que conseguiram superar suas dificuldades e seus limites, levando hoje uma vida normal, trabalhando, estudando, sentindo-se produtivo, amando e sendo amado em seus relacionamentos, enfim, com qualidade de vida e mais fora do que dentro do território da doença. Por isso privilegiamos nesta edição o relato das experiências pessoais, através de novos depoimentos dos pacientes e dos familiares e de debates realizados por eles no fórum da comunidade virtual do site Entendendo a Esquizofrenia, além de novos artigos sobre temas como trabalho, psicoterapia, drogas, prevenção de recaídas e tratamento farmacológico para pacientes graves. Este conteúdo está todo distribuído nos capítulos do livro, de acordo com a relação de cada um dos temas. Esses assuntos são cruciais quando pensamos em recuperação pra valer, não apenas redução dos sintomas, mas a retomada da vida, do prazer, da autoconfiança, da autodeterminação e do bem-estar.

  Portal: Muita gente pensa que a esquizofrenia é uma sentença, uma doença que sela a vida de quem dela sofre, para uma vida infeliz, sem autonomia, sem qualidade de vida. Isso não compromete a recuperação?

 Dr. Leonardo: Este é um ponto importante que na nossa visão agrava o estigma que a pessoa tem da esquizofrenia e que, por consequência, passa a ser de si própria. Se você é diagnosticado com Diabetes e sua concepção da doença é daqueles pacientes que evoluem com insuficiência renal, cegueira e amputação da perna, qual será o seu sentimento? Qual será o seu investimento no tratamento e sua esperança de levar uma vida normal? Agora se te passam que esta doença pode ser controlada, tratada e que com o tratamento essas complicações são raras, sua atitude passa a ser diferente. Com a esquizofrenia não é diferente, o problema é que, quando falamos de doença mental, o estigma já é naturalmente maior, as pessoas tendem a pensar que a doença mental representa um perigo ao próximo, que a pessoa pode se tornar violenta e coisas do tipo. Agora, coloque-se no lugar de alguém que sofre de esquizofrenia, que já tem essa imagem pré-concebida da doença. Ela vai se sentir à vontade para se socializar, ela vai aceitar o tratamento, ela vai ter esperança e força de vontade para buscar sua recuperação? Será muito difícil, não só para ela, como para sua família, que normalmente não pensa de forma diferente. E digo mais, se não houver uma mudança de pensamento em relação à esquizofrenia, até mesmo os médicos e profissionais de saúde correm o risco de não investir tudo na recuperação, por acreditar que a esquizofrenia é assim mesmo, uma doença crônica, degenerativa, que evolui para a conificação. Se você pensar assim, tomar um remédio melhor, mais eficaz, fazer psicoterapia, terapia ocupacional, reabilitação cognitiva, etc, passa a não ser tão importante e você tende a aceitar mais a doença do que a possibilidade de recuperação. Trabalhamos muito isso no livro, acreditamos ser necessário na esquizofrenia quebrar paradigmas, rever conceitos antigos, de uma época em que sequer existiam tratamentos e a doença evoluía sem nenhum tipo de intervenção. Até parece que neste aspecto estamos há um século atrás... Hoje existem medicamentos eficazes, bem tolerados, capazes de ajudar muito na recuperação do paciente a ponto dele voltar a estudar e trabalhar. E porque a imagem daquelas pessoas andando feito um robô, dopadas, nos corredores dos manicômios não saem de nossas mentes? Por isso precisamos mostrar exemplos de pessoas que se recuperaram, para acabar de vez com essa imagem, que não reflete a realidade de hoje e da maioria que sofre de esquizofrenia e não condiz com os recursos que temos para seu tratamento. No livro trazemos vários textos escritos por pacientes e seus familiares, apresentando uma outra forma de ver a doença, que acreditamos ser mais humana, que traz mais esperança e possibilita o empoderamento, ou seja, a recuperação da força que existe dentro de cada um e que é capaz de transformar a realidade.


  Portal: O que mudou entre 2009, quando você lançou a primeira edição do Entendendo a Esquizofrenia, e 2013 com a segunda edição? 

Dr. Leonardo: A nossa experiência sempre foi com familiares de pessoas com esquizofrenia. Em 2009 fui ao Congresso Mundial da Sociedade de Pesquisa em Esquizofrenia e conversei com psiquiatras da Inglaterra, Austrália, Alemanha, EUA e eles desenvolviam o mesmo trabalho, só que incluíam os pacientes nos grupos de família e dava super certo. McFarlane, um dos pesquisadores no qual mais nos inspiramos, me disse que era mais difícil separar do que juntar. Quando começamos a desenvolver nosso trabalho no Instituto de Psiquiatria da UFRJ, decidimos que os pacientes iriam participar dos grupos junto com seus familiares. Tem sido uma experiência incrível e isso tem estimulado o debate de ideias mais elaboradas, como sobre a recuperação pessoal de quem sofre com a doença. Os familiares elaboraram, depois de um ano em terapia, uma lista com as principais estratégias de recuperação para o familiar e os pacientes fizeram o mesmo para o paciente e nós decidimos publicá-las nesta segunda edição. Em termos de tratamento tivemos neste período o lançamento de dois novos antipsicóticos de segunda geração: um injetável e de longa ação, que para mim foi um dos maiores avanços da ultima década, pois ele se alinha perfeitamente conceito de recuperação pessoal - é hoje a melhor alternativa para os pacientes que não aderem ao tratamento com medicação oral e sabemos que sem antipsicótico, não existe recuperação da esquizofrenia! O palmitato de paliperidona é uma medicação injetável para ser tomada uma vez por mês, com excelente tolerabilidade e que garante níveis regulares da medicação na corrente sanguínea. O outro antipsicótico novo é a asenapina, comprimido sublingual, que é mais uma boa opção dentre os antipsicóticos orais de segunda geração. Em relação a tratamentos complementares, vêm se consolidando a reabilitação cognitiva, intervenções de suporte ao trabalho, o treinamento metacognitivo e a psicoterapia cognitivo comportamental, que também exploramos melhor nesta segunda edição. Falando de estimulação cerebral, além do ECT (eletroconvulsoterapia), que ainda é útil em muitos casos graves, é crescente a experiência, inclusive no Brasil, com a Estimulação Magnética Transcraniana (EMTr) para pacientes com alucinações que não melhoram completamente com a medicação.

  Portal: Como você imagina o tratamento da esquizofrenia no futuro? Dr. Leonardo: Primeiramente é bom frisar que o cenário que temos hoje não é tão desolador quanto muitos imaginam, o problema é que os recursos não são aplicados como deveriam. Um exemplo: muitos pacientes demoram muito para iniciar o tratamento, geralmente por recusa própria, e as famílias não sabem como proceder e acabam adotando uma atitude mais passiva, esperam o paciente decidir. O problema é que essa conscientização demora muitos anos ou pode até não ocorrer. É bom lembrar que a falta de consciência é muitas vezes um sintoma da própria doença e para melhorá-la é necessário iniciar logo o tratamento médico. Muitos pacientes só realizam a doença quando melhoram dos sintomas com a medicação. Portanto, de nada adianta ter medicações mais avançadas, se existe a demora em iniciá-las. Este é um dos fatores mais impactantes na recuperação: pacientes que demoram mais a iniciar o tratamento, têm um curso mais grave e menores chances de se recuperarem. Por isso a preocupação com o início e a adesão ao tratamento: o paciente toma a medicação direito ou existem falhas? Isso compromete a recuperação na medida em que expõe o paciente a recaídas e quanto mais crises, mais distante da recuperação esperada. Essa preocupação com o início e a manutenção do tratamento medicamentoso deve ser o ponto de partida, principalmente nos casos com menos de 5 anos de doença, justamente o período de maior benefício do tratamento. E pacientes que aderem mal à medicação, também aderem mal aos tratamentos complementares, como psicoterapia e terapia ocupacional, tendem a ser mais isolados socialmente e a ter mais sintomas negativos. Aí você pode perguntar, o que é mais determinante nos casos graves, a biologia da própria doença ou os fatores ambientais, como estresse, ausência de tratamento, falta de estímulo, etc. Eu tendo a achar que seja mais pelo ambiente, pois os pacientes mais graves são aqueles que demoraram mais para iniciar o tratamento ou não tomam medicação corretamente, tem um ambiente com maior sobrecarga familiar, como famílias com maior nível de emoção-expressada, se envolvem menos nas atividades. E é óbvio que esses fatores são incorporados à biologia, com pacientes que precisam de doses maiores de medicação para ficar bem, ou seja, para suportar as pressões ambientais. Muita gente deposita muita esperança nos tratamentos biológicos, eu também os acho fundamentais, mas não podemos esquecer dos tratamentos psicossociais, por isso levanto a bandeira de que a esquizofrenia precisa ser tratada com pelo menos três tipos diferentes de intervenção: a farmacológica, a psicoterapia, seja individual ou em grupo, como ocorre nos hospitais-dias e terapias ocupacionais, e a psicoeducação de família, através da informação sobre a doença e grupos de auto-ajuda com outras famílias. Sem esse "pacote", a recuperação fica mais distante. E o maior problema é que a grande maioria dos pacientes só toma remédio, isso quando toma direitinho. Este cenário é perturbador e na minha opinião é o principal limitante, então não adianta ficarmos sonhando com tratamentos mais eficazes, se não fazemos o dever de casa. A primeira coisa deve ser uma mudança de atitude de todos, profissionais, pacientes e familiares, neste sentido, garantir o "pacote" de tratamento o quanto antes. Por isso eu acho que o antipsicótico injetável de longa ação, principalmente o de segunda geração, que é melhor tolerado, é um recurso importante que apóia este percurso em direção à recuperação pessoal. Garantir níveis constantes de antipsicóticos na corrente sanguínea é importantíssimo, tanto para evitar os efeitos tóxicos da psicose no cérebro, como para apoiar e aumentar a adesão aos outros tratamentos complementares. Agora, falando de futuro, eu acho que um dos caminhos será aumentar a disponibilidade de antipsicóticos de longa ação, sejam injetáveis (mensais, a cada 3 meses,…), implantes ou adesivos, ou seja, não depositar todas as fichas na medicação oral e achar que o paciente vai tomar direito ou a família, já sobrecarregada, vai assumir esta responsabilidade sozinha. Ao menos no início da esquizofrenia, até que o paciente se conscientize do problema, através da psicoterapia e da psicoeducação, a medicação injetável de longa ação deve ser considerada. Depois ele pode passar para a oral e seguir em sua recuperação. Outro estímulo, que deverá ser realidade nos próximos anos, são medicações para tratamento dos sintomas negativos e cognitivos. Algumas moléculas já estão em fase avançada de estudo e possibilitarão a melhora de sintomas que os antipsicóticos atuais não conseguem tratar com afinco. Então o paciente poderá no futuro se beneficiar do tratamento combinado de um antipsicótico com uma medicação para melhorar sua iniciativa e sua memória, por exemplo. E acho que tudo isso precisa ser acompanhado de tratamentos psicossociais cada vez mais adequados às expectativas e necessidades dos pacientes, mais tratamentos "par-a-par", ou seja, pacientes recuperados estimulando aqueles que estão se recuperando, mais "família-a-família", aumentando a rede de suporte social para essas pessoas, o que faz toda a diferença. Nós ficamos muito felizes quando um dos grupos de família do IPUB saiu da instituição para se reunir de forma independente numa igreja no bairro da Tijuca. É o primeiro grupo comunitário de familiares e pacientes com transtorno mental grave na cidade do Rio de Janeiro, onde um familiar e um paciente são os coordenadores. Essa troca é fundamental, principalmente para as famílias que estão começando sua caminhada, e ter grupos na comunidade que possam apoiá-las, disseminar informação e esperança, é um grande avanço. Queremos ajudar a formar mais grupos como este!

  Portal: Todo esse entendimento e os recursos que você cita não parecem uma realidade distante quando se fala do atendimento no SUS?

 Dr. Leonardo: Depende. Os serviços são muito heterogêneos, tenho conhecimento de centros que oferecem um atendimento de qualidade, utilizam antipsicóticos de segunda geração, oferecem psicoeducação de família, reabilitação cognitiva, suporte ao trabalho, psicoterapia, enquanto outros que não passam do Haldol e do centro de convivência. Alguns centros ligados à Universidade parecem bem antenados com os conceitos de recuperação pessoal e tem participação crescente dos pacientes, enquanto nos CAPS de uma forma geral a coisa anda mais devagar. Em parte porque os CAPS estão sobrecarregados e não conseguem absorver a demanda e/ou porque a equipe é pequena, muitos não tem sequer psiquiatras. Existe também uma grande carência de CAPS nas grandes cidades e há cidades menores que sequer têm um. Portanto, é preciso aumentar o número de CAPS e investir mais na equipe de tratamento e no seu treinamento. O acesso aos antipsicóticos de segunda geração melhorou muito com a Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, mas acho que poderia ser menos burocrático e alguns antipsicóticos já poderiam ter sido transferidos para a grade padronizada de medicamentos do SUS, como a risperidona e a olanzapina, que já contam com vários genéricos e similares com um custo reduzido. Isso facilitaria e ampliaria ainda mais o acesso para outros pacientes que ainda utilizam antipsicóticos de primeira geração. Uma lacuna, na minha opinião, é a usência de um antipsicótico de longa ação de segunda geração, que sequer existe na Assistência Farmacêutica. Hoje um paciente do SUS que não adere ao tratamento oral só tem a opção do Haldol Decanoato, que é de difícil tolerabilidade. Se ele não tolerar, fica sem opção. Acho imprescindível que haja ao menos uma opção de segunda geração. Mas o que acho que falta mais é a participação ativa dos familiares e pacientes na elaboração dos serviços, para que cada vez mais eles se adequem às demandas de seus usuários. E isso só é possível com familiares e pacientes mais informados, que possam cobrar melhor dos serviços a qualidade e os recursos que porventura ainda não sejam contemplados. Ocupar espaço nos conselhos de saúde, onde temas são debatidos entre governo e sociedade, é fundamental. E continuo insistindo: num país do tamanho do Brasil precisamos de iniciativas par-a-par, ou seja, grupos de pacientes e familiares coordenados por eles e para eles. Não dá para esperar que o governo supra tudo sozinho Esse é o nosso maior desafio.

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 Fonte: Portal Entendendo a Esquizofrenia

6 de abril de 2012

Estudos reforçam relevância clínica do lítio contra Alzheimer


Estudos vem demonstrando a relação entre o Transtorno Bipolar (TBH) e demência (tanto vascular como Alzheimer) na terceira idade, principalmente quando a doença bipolar não é tratada adequadamente. O lítio, na forma de carbonato de lítio, é o regulador de humor mais eficaz e que controla todas as fases da doença (mania e depressão), considerado ainda hoje o “padrão-ouro” do tratamento do TBH.

No Congresso da Associação Americana de Psiquiatria (APA) em 2010 assisti a uma mesa redonda sobre o papel do lítio, falando do seu efeito neuroprotetor ainda que utilizado em doses baixas (o tratamento com lítio geralmente requer doses mais altas para a estabilização do transtorno). Sabe-se da dificuldade de alguns pacientes tolerarem o lítio em função dos efeitos colaterais, porém quando associado a outros reguladores, é possível utilizá-lo em doses mais baixas e que costumam ser muito bem toleradas pelos pacientes.

Os debatedores analisaram também uma pesquisa em que os pacientes que faziam tratamento com um estabilizador associado a doses baixas de lítio tinham menos queixas do que aqueles que faziam uso somente do estabilizador de humor sem o lítio.

Em conjunto esses achados reforçam a importância do carbonato de lítio ainda nos dias de hoje, em que o arsenal terapêutico do TBH é bem mais diversificado do que há 50 anos, quando as propriedades estabilizadoras do lítio foram descobertas.

Confira a notícia.

“Estudos realizados na Universidade de São Paulo (USP) reforçaram as evidências de que o lítio, amplamente utilizado no tratamento de transtorno bipolar, pode ter um efeito protetor contra o aparecimento da doença de Alzheimer. A pesquisa, que teve seus resultados publicados em 2011 na revista British Journal of Psychiatry, foi conduzido por Orestes Forlenza, do Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria (Ipq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Forlenza apresentou os resultados em São Paulo durante o Brazil-Canada Prion Science Workshop 2012, realizado em março pelo Hospital A.C. Camargo.

O trabalho é resultado do Projeto Temático Neurobiologia da doença de Alzheimer: marcadores de risco, prognóstico e resposta terapêutica”, iniciado em 2010 e financiado pela FAPESP e coordenado por Wagner Gattaz, também do IPq.

De acordo com Forlenza, o experimento foi realizado com idosos com comprometimento cognitivo leve. Os resultados demonstram a relevância clínica da aplicação de baixas doses de lítio em pacientes que ainda não atingiram a fase demencial da doença de Alzheimer, reforçando a hipótese de que o medicamento possa ser utilizado na prevenção do problema.

“Os pacientes que receberam lítio não apenas ficaram mais estáveis clinicamente, do ponto de vista funcional e cognitivo, como tiveram menos deterioração de memória e de funções cognitivas”, disse Forlenza à Agência FAPESP.

Além disso, o experimento revelou uma evidência de modificação de um dos processos patogênicos centrais da doença de Alzheimer, que é a hiperfosforilação da proteína TAU, um processo que destrói o esqueleto das células, levando à morte dos neurônios. O lítio inibe a atividade da enzima GSK 3-Beta, que fosforila a TAU.

“O conjunto desses resultados mostra que possivelmente o lítio produz um efeito modificador da doença. Além da hipótese inicial, que era a inibição da enzima GSK 3-Beta, olhamos outros possíveis participantes desse efeito”, disse Forlenza.

Os estudos mostraram que há um aumento de fator neurotrófico derivado cerebral (BDNF), da função mitocondrial e da atividade de outras enzimas. “Tudo isso alinha em torno de um mecanismo múltiplo de modificação de vários processos patogênicos”, disse o pesquisador.

Tempo de seguimento

Há muitos anos a ciência acumula evidencias biológicas, experimentais – em modelos animais, em culturas de células, ou extrapolações por métodos de neuroimagem – de que o lítio poderia exercer ações neurotróficas ou neuroprotetoras. Mas até recentemente não havia nenhuma comprovação de que isso tivesse algum significado clínico ou benefício humano.

“Essa comprovação começou a se realizar quando publicamos, em 2007, um trabalho demonstrando que, quando ficam mais velhos, indivíduos que têm doença bipolar – e que portanto recebem lítio clinicamente por vários anos – têm uma menor taxa de demência que os indivíduos bipolares que foram tratados com outras terapias”, disse Forlenza.

Com base nessas constatações clínicas experimentais, o grupo da USP lançou um estudo randomizado para, de maneira bem controlada, avaliar o efeito neuroprotetor do lítio em indivíduos em risco de ter doença de Alzheimer. O modelo escolhido para essa finalidade foram os indivíduos com comprometimento cognitivo leve.

“Tínhamos como base dois trabalhos que foram publicados – um na Inglaterra, outro na Alemanha – usando lítio para tratar indivíduos com a doença de Alzheimer já em fase demencial”, explicou Forlenza.

O estudo britânico fracassou, segundo ele, porque os pacientes não toleraram o tratamento. As doses de lítio eram mais altas, houve uma alta taxa de abandono, impossibilitando que se chegassem a conclusões. O outro estudo multicêntrico europeu, feito na Alemanha, fez um ensaio com lítio em doença de Alzheimer leve por dez semanas. Também fracassou, porque não encontrou mudança nenhuma dos parâmetros clínicos e biológicos.

“Com base nessas informações, alinhamos então o nosso projeto para tratar não indivíduos com doença de Alzheimer já em fase demencial, mas em uma fase anterior a isso. Outro diferencial da nossa abordagem é que utilizamos o lítio em doses menores que as utilizadas clinicamente. Mostramos que essas doses são suficientes para inibir a atividade de uma enzima que imaginamos que esteja ligada ao processo”, disse Forlenza.

Outra diferença crucial em relação aos estudos antigos, segundo Forlenza, foi o tempo de seguimento. “Realizamos um seguimento de quatro anos, com desdobramentos em 12, 24 e 36 meses. Na amostra total foram incluídos 61 pacientes. Uma taxa menor chegou ao fim dos quatro anos, mas no primeiro ano tivemos 91% de permanência no estudo”, disse.

O Projeto Temático será concluído em 2014. Até lá, os pesquisadores seguirão com a linha de estudos envolvendo a aplicação de lítio como antagonista da doença de Alzheimer. Os cientistas voltarão o foco a partir de agora a parâmetros como neuroimagem funcional com tomografia de emissão de pósitrons (PET) e com neuroimagem estrutural, para comparar os dois grupos de pacientes e observar outros desfechos.

“Várias análises ainda precisam ser feitas, ou completadas, com variações de biomarcadores e de tempos de seguimento, por exemplo. Queremos também iniciar um estudo semelhante, não mais em pacientes com comprometimento cognitivo leve, mas em pacientes com doença de Alzheimer familiar de início precoce, que talvez seja o modelo ideal para se testar essa modificação de patogenia”, disse Forlenza”.

Fonte: Planeta Universitário

23 de março de 2012

Droga para tratar alcoolismo é bem sucedida em teste na França

Uma droga projetada para tratar espasmos nervosos conseguiu superar um importante teste preliminar em uma pesquisa com vistas a ver se é capaz também de curar o alcoolismo, afirmaram médicos franceses em estudo publicado nesta terça-feira.

O baclofen - nome laboratorial de um medicamento comercializado como Kemstro, Lioresal e Gablofen - passou com sucesso em um teste preliminar, realizado com um pequeno grupo de alcoólicos, um resultado que abre o caminho para testes clínicos formais, afirmaram os cientistas.

A história do medicamento remonta a 50 anos. Ele foi originalmente projetado para tratar a epilepsia, antes de ser licenciado para tratar a espasticidade, mas os cientistas agora estão interesssados em usá-lo para aliviar a abstinência do álcool.

Em 2008, o livro O Último Copo, do cardiologista Olivier Ameisen, despertou interesse, pois no texto o médico afirmou ter tratado a si próprio de alcoolismo com altas doses de Baclofen. O novo teste foi realizado com 132 bebedores contumazes que ingeriram baclofen em altas doses durante um ano. Oitenta por cento ficam abstêmios ou se tornaram bebedores moderados. Comparativamente, duas drogas comumente usadas para tratar alcoólicos, naltrexona e a acamprosato, tiveram uma taxa de sucesso entre 20% e 25%. Os efeitos colaterais incluíram fadiga, sonolência, insônia, tontura e problemas digestivos.

O principal autor da pesquisa, Philippe Jaury, da Universidade de Paris-Descartes, disse que o resultado abriu as portas para testes clínicos com duração de um ano, cujo início deve começar em maio, em que 320 alcoólicos seriam divididos em dois grupos. Uma parte receberá baclofen, com doses que aumentariam gradativamente até que os sintomas de abstinência desapareçam, enquanto a outra receberá um placebo.

O sistema de saúde francês paga 750 mil euros do custo de 1,2 milhão de euros do teste e um doador não identificado paga o restante, explicou Jaury. O estudo é publicado no periódico especializado Alcohol and Alcoholism.

Fonte: Terra

27 de fevereiro de 2012

Grande São Paulo tem alta prevalência de transtornos mentais.


Agência FAPESP – Quase 30% dos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo apresentam transtornos mentais, de acordo com um estudo que reuniu dados epidemiológicos de 24 países. A prevalência de transtornos mentais na metrópole paulista foi a mais alta registrada em todas as áreas pesquisadas.

O trabalho faz parte da Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que integra e analisa pesquisas epidemiológicas sobre abuso de substâncias e distúrbios mentais e comportamentais. O estudo é coordenado globalmente por Ronald Kessler, da Universidade Harvard (Estados Unidos).

Em artigo publicado na revista PLoS One no dia 14 de fevereiro, os autores apresentam os resultados da pesquisa São Paulo Megacity Mental Health Survey, que gerou para o relatório internacional os dados relativos ao Brasil – no país, o estudo se restringiu à Grande São Paulo.

O estudo foi realizado no âmbito do Projeto Temático “Estudos epidemiológicos dos transtornos psiquiátricos na região metropolitana de São Paulo: prevalências, fatores de risco e sobrecarga social e econômica”, financiado pela FAPESP e encerrado em 2009.

Entre os autores do artigo estão Laura Helena Andrade, professora do Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP), e Maria Carmen Viana, professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Andrade conduziu o Temático em parceria com Viana, que teve Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP entre 2008 e 2009 no Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do IP-FM-USP, coordenado por Andrade.

Estudo epidemiológico de base populacional, o São Paulo Megacity Mental Health Survey avaliou uma amostra representativa de residentes da região metropolitana de São Paulo, com 5.037 pessoas avaliadas em seus domicílios, a partir de entrevistas feitas com base no mesmo instrumento diagnóstico. Os questionários incluíram dados sociais.

Segundo o estudo, 29,6% dos indivíduos na Região Metropolitana de São Paulo apresentaram transtornos mentais nos 12 meses anteriores à entrevista. Os transtornos de ansiedade foram os mais comuns, afetando 19,9% dos entrevistados. Em seguida, aparecem transtornos de comportamento (11%), transtornos de controle de impulso (4,3%) e abuso de substâncias (3,6%).

“Dois grupos se mostraram especialmente vulneráveis: as mulheres que vivem em regiões consideradas de alta privação apresentaram grande vulnerabilidade para transtornos de humor, enquanto os homens migrantes que moram nessas regiões precárias mostraram alta vulnerabilidade ao transtorno de ansiedade”, disse Andrade à Agência FAPESP.

A prevalência dos transtornos mentais, de quase 30%, é a mais alta entre os países pesquisados. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com pouco menos de 25%. A razão da alta prevalência, de acordo com a pesquisadora, pode ser explicada pelo cruzamento de duas variáveis incluídas no estudo: a alta urbanização e a privação social.

Em relação às outras regiões estudadas, a Região Metropolitana de São Paulo também teve a mais alta proporção de casos de transtornos mentais considerados graves (10%), bem acima do estimado em outros 14 países avaliados. Depois da metrópole paulista, os países com maior porcentagem de casos graves foram os Estados Unidos (5,7%) e Nova Zelândia (4,7%).

“Existiam dados na literatura mostrando que esses transtornos mentais têm alta prevalência em áreas urbanas. Por isso observamos o efeito de exposição à urbanicidade, isto é, as pessoas que viveram a maior parte da vida em região urbana. Levamos em conta também a variável da privação social, estrutura etária da população, setor censitário, escolaridade do chefe de família, migração e exposição a eventos traumáticos violentos”, disse.

A exposição ao crime foi associada aos quatro tipos de transtornos mentais avaliados, segundo Andrade. A alta urbanicidade está associada especialmente ao transtorno de controle e impulso. A privação social também tem impacto sobre o transtorno de abuso de substâncias e interfere na gravidade das doenças.

“As pessoas que moram em áreas precárias apresentam quadros mais graves e tendência ao abuso de substâncias. As que tiveram mais exposição à vida urbana têm mais transtornos de controle e impulso – em especial o transtorno explosivo intermitente, que é típico de situações de estresse no trânsito, por exemplo”, apontou.

Promoção da saúde mental

Ao cruzar as variáveis, os pesquisadores chegaram aos grupos de maior vulnerabilidade: mulheres que vivem em regiões de alta privação apresentam mais transtornos de humor e homens migrantes que vivem em região de média e alta privação têm mais transtornos de ansiedade. Pessoas com baixa escolaridade têm mais transtornos de ansiedade e de abuso de substâncias.

“Um dos diferenciais desse estudo é que incluímos nas entrevistas medidas de incapacitação, a fim de avaliar a gravidade das doenças. Concluímos que, entre as pessoas diagnosticadas com transtornos mentais, um terço corresponde a casos graves, um terço a casos moderados e um terço a casos leves. As pessoas com transtornos moderados e graves sofrem com algum tipo de incapacitação”, disse Andrade.

O estudo sugere que é preciso fortalecer, no sistema brasileiro de saúde básica – que inclui o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Programa Saúde da Família –, uma integração entre atendimento e promoção da saúde mental.

“Não é possível ter um serviço especializado em todas as unidades, por isso é preciso equipar a rede com pacotes de diagnóstico e de conduta a serem utilizados pelos profissionais de cuidados primários. É preciso capacitar não só os médicos, mas também os agentes comunitários, que devem ser orientados para identificar casos não tão comuns como os quadros psicóticos, levando em conta os fatores de risco associados aos transtornos mentais”, afirmou Andrade.

13 de fevereiro de 2012

Pesquisa avalia relação médico-paciente em todo o mundo.


Resultados de pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência, em parceria com a Worldwide Independent Network of Market Research (WIN), apontam aumento na proporção de consultas regulares, sem que haja um problema de saúde específico, revelando um comportamento preventivo dos pacientes em todo o mundo: de 21% em 2010, para 30% em 2011, e no Brasil, de 32% para 44%. O objetivo do estudo é medir a percepção da população mundial em relação à própria saúde e à forma como cada um se cuida, além de avaliar a relação médico-paciente.

Grande parte dos brasileiros (56%) considera o atendimento do último médico visitado como excelente ou muito bom. Na rede pública de saúde, onde ocorreram mais de 2/3 das consultas em 2011, essa avaliação é de metade dos pacientes (50%). Esse índice sobe para 70% quando analisados os profissionais credenciados dos planos de saúde, mas a maior satisfação foi dos pacientes da rede particular, com índice de 73%.

Os resultados do estudo mostram, ainda, que 55% dos brasileiros recomendariam o médico que consultaram. Este resultado supera a média mundial, que foi de 42%.

No quadro mundial, o Brasil ocupa a 20ª posição na avaliação geral da relação médico-paciente, incluindo respeito, atenção, clareza nas explicações, preocupação e entendimento do paciente, entre outros atributos. Em primeiro lugar estão Irlanda, Armênia e o vizinho Chile. Ainda na lista dos melhores avaliados, estão Austrália, Estados Unidos, Canadá, Arábia Saudita e Suécia. Na base, entre os piores avaliados, estão Japão, Peru, Paquistão, China e Polônia.

Uso de medicamentos

Dados mundiais da pesquisa apontam que apenas metade dos entrevistados (57%) toma a medicação exatamente de acordo com as instruções médicas, o que deve representar uma preocupação para os médicos. No Brasil, a população se mostra mais obediente às prescrições, já que o número sobe para 78%.

Sobre a pesquisa

A WIN Saúde ouviu 31.577 pessoas em 39 países para um amplo levantamento sobre a percepção da população mundial em relação à própria saúde e a forma como cada um se cuida. No Brasil, foram entrevistadas 1.373 pessoas.

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM) uma boa consulta médica deve exigir do profissional as seguintes atitudes:

1) Trate o paciente e seus familiares com respeito

2) Expresse-se com palavras e análises que podem ser compreendidas pelo paciente

3) Preste atenção ao paciente, ouvindo-o e observando-o

4) Entenda as preocupações do paciente

5) Demonstre interesse pelas ideias do paciente

6) Forneça as informações que o paciente busca

7) Discuta próximos passos de acompanhamento ou tratamento

8) Deixe o paciente falar

9) Demonstre que se importa com as preocupações e problemas do paciente

10) Receba o paciente de modo confortável

11) Dedique tempo adequado ao paciente

12) Cheque se o paciente entendeu o que foi discutido

13) Envolva o paciente nas decisões

14) Incentive o paciente a fazer perguntas

10 de fevereiro de 2012

Em defesa do Ato Médico e da população.


Por trás do projeto do ato médico existe muito interesse de mercado por parte dos conselhos de profissionais da área de saúde, como psicologia, farmácia, enfermagem, fisioterapia, etc. Todos querem ampliar suas atuações às custas da restrição do que está sendo definido como ato exclusivo do médico.

É o CFP defendendo que o psicólogo faça diagnósticos psiquiátricos e assim trate do paciente independente do médico, prescrevendo-lhe terapias, é o COREN brigando para que enfermeiros prescrevam medicamentos e assim tratem de doenças da atenção básica, como hipertensão e diabetes, façam partos, etc. Enfim, querem ampliar suas atuações profissionais, sem que estes possuam a qualificação para tal.

Quem estuda e conhece doenças, quem sabe fazer diagnósticos, prescrever remédios e identificar e tratar das complicações e dos efeitos colaterais, internar e dar alta em hospitais é o médico. Nenhum outro profissional da área de saúde tem formação, capacidade e experiência profissional para tal.

Se os conselhos de classe querem ampliar sua área de atuação, que comecem pela formação de seus profissionais e não simplesmente desqualificando o ato médico para abrir brechas para pessoas que, não devidamente preparadas, podem causar mal à população.

A aprovação do Ato Médico é um bem para todos e coloca definitivamente os pingos nos i´s, evitando assim que a população pague o preço da disputa pelo mercado.

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A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou nesta quarta-feira, 8, o projeto de Ato Médico, que define as atividades da profissão. A versão retirou pontos polêmicos como a exclusividade dos médicos, concedida no projeto aprovado pela Câmara, em 2009, para execução de procedimentos como papanicolau e diagnóstico de problemas psicológicos e nutricionais.

Dos cinco pontos mais criticados, o relator Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) abrandou quatro. O texto aprovado afirma que diagnóstico de doenças pode ser feito apenas por médicos. Mas abre espaço para que outros diagnósticos, como a avaliação sobre a capacidade de realizar movimentos e articular sons, sejam feitos por outras especialidades, como fonoaudiologia.

O texto diz que médicos têm de coordenar procedimentos que permitem a assistência ventilatória do paciente, mas autoriza fisioterapeutas a atuar no processo. Exames como biópsias e citologia podem ser feitos por farmacêuticos e biomédicos - o que o texto anterior não permitia.

Ainda assim, médicos continuam tendo exclusividade na emissão de laudos de exames de endoscopia, exames de imagem e amostras de tecidos e órgãos.

“Foi a melhor versão possível”, resumiu Valadares. “Procuramos definir o que é ato médico, mas resguardar garantias de outras profissões.” O texto ainda tem de ser submetido à avaliação das comissões de Educação e de Assuntos Sociais antes de ir para o plenário do Senado.

O relator também retirou a exclusividade de médicos na aplicação de injeções subcutâneas, intramusculares e intravenosas. Mas não esclareceu se técnicos em acupuntura e tatuadores terão o direito de seguir com suas atividades. “Listo os métodos invasivos. Na prática, as questões vão sendo resolvidas.”

Manoel Carlos Neri Silva, presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), queixa-se da falta de definição. “A acupuntura, por exemplo, é um procedimento invasivo, e vários profissionais da saúde, não necessariamente médicos, fazem especialização nessa área”, diz.

Um ponto polêmico, que provocou irritação de profissionais de saúde, foi mantido. Apenas médicos podem manter cargos de chefia e direção de serviços médicos. Demais profissionais podem ficar com a chefia administrativa. O argumento das demais categorias era de que o atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar, portanto integrantes de outras profissões poderiam chefiar o serviço.

Para o senador, o risco de o projeto aprovado ontem sofrer novas modificações é muito pequeno. Na Comissão de Educação, a relatoria deve ficar com a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), autora de texto semelhante aprovado no Senado. “A nova versão está melhor, mas há pontos preocupantes para fisioterapeutas e enfermeiros”, disse o integrante do Conselho Federal de Farmácia, Carlos Eduardo Queiroz.

Reclamações. Neri Silva, presidente do Cofen, diz que o projeto aprovado na quarte-feira, 8, mantém pontos confusos. Ele diz, por exemplo, que a nova versão atribui como atividade exclusiva dos médicos a prescrição de remédios no Programa Saúde da Família (PSF). “Hoje, os enfermeiros do programa já prescrevem medicamentos para tuberculose, hanseníase, hipertensão e diabete, seguindo o protocolo do Ministério da Saúde. Se não puderem mais fazer isso, será um prejuízo para a população que é atendida pelo SUS”, avalia.

Humberto Verena, presidente do Conselho Federal de Psicologia, diz que o projeto restringe a atuação dos psicólogos, impede-os de fazer diagnósticos de depressão ou outros transtornos e também os impede de prescrever terapias. “Quando você puxa para o médico o diagnóstico e a indicação terapêutica, você dá um golpe no trabalho em equipe. Os outros profissionais ficam satélites da opinião do médico.”

Para Silva, do Cofen, da forma como está, o projeto vai contra uma tendência mundial de atendimento de saúde multidisciplinar. “Querem centralizar tudo na figura do médico por puro corporativismo”, afirmou.

Roberto d’Avila, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), diz que o projeto apenas formaliza o papel do médico: fazer diagnóstico e tratar doenças. “Isso é o senso comum. Vamos continuar fazendo o que fazemos. Não há subordinação.”

Sobre a ação de enfermeiros no PSF, d’Avila diz que eles podem apenas repetir a receita médica em casos de controle, para evitar que o paciente tenha de ir ao médico todo mês, mas nunca diagnosticar e prescrever por conta. “Os enfermeiros querem assumir a atenção básica, e isso é um absurdo”, diz.

Sobre o fato de psicólogos poderem diagnosticar depressão, d’Avila diz que, para isso, eles precisariam estudar psiquiatria. “Como tratarão neuroses, esquizofrenia? Só com papo e conversa? De jeito nenhum. Essas doenças são causadas por deficiências bioquímicas, e os pacientes precisam de medicamentos.”

Fonte: Gazeta

Problemas mentais de familiares podem moldar seus interesses.


Você gosta mais de português ou matemática? A resposta que você der pode ter ligação com os problemas mentais que existem em sua família. Um irmão com autismo ou uma avó com depressão podem ajudar a determinar quais são os assuntos pelos quais você se interessa intelectualmente, de acordo com um novo estudo que relacionou histórico psiquiátrico familiar e interesses intelectuais.

Uma recente pesquisa foi feita com 1.077 calouros da Universidade de Princeton, nos EUA, e mostrou uma influência genética nos interesses pessoais de jovens. Por exemplo, estudantes que planejavam estudar ciências humanas foram duas vezes mais propensos a relatar um membro da família com transtorno de humor, depressão ou vícios em substâncias. Estudantes de cursos de tecnologia, por outro lado, eram três vezes mais propensos a ter um irmão com autismo.

Os resultados são preliminares e baseados em relatos, portanto os pesquisadores não podem dizer ao certo por que essas relações existem. Mas de acordo com o pesquisador Sam Wang, professor de biologia molecular e neurociência na Universidade de Princeton, os dados são consistentes com a ideia de que os interesses são parcialmente hereditários.

Durante as últimas décadas, vários pesquisadores descobriram que em certas pessoas e seus familiares, transtornos de humor ou comportamento estão associados com carreiras relacionadas com a escrita e humanidades, enquanto condições relacionadas ao autismo apresentam uma ligação similar com carreiras científicas e técnicas.

Essas ligações são facilmente identificadas ao longo da história. Casos de poetas que lutaram contra a depressão são abundantes, e o próprio Aristóteles teria dito que pessoas com interesses em filosofia, política, poesia e artes tem tendências à melancolia.

Mais recentemente, laços entre autismo e tecnologia também existem aos montes. No Vale do Silício, por exemplo, personalidades da tecnologia e o transtorno de Asperger andam de mãos dadas. Em vários estudos da Universidade de Cambridge foi descoberto uma maior prevalência de transtornos de autismo em famílias de engenheiros e matemáticos.

É claro que isso não quer dizer que todos que gostam de programação de computador têm espectro do autismo ou que um pai bipolar vai ter um grande poeta como filho. Mas essa não é a primeira pesquisa a encontrar ligações entre doenças hereditárias e interesses intelectuais.

“Todo mundo tem interesses individuais específicos que resultam de experiências na vida, mas esses interesses surgem de um ponto de partida genético”, disse Wang. “Isso não significa que os nossos genes determinam nosso destino. Significa apenas que os nossos genes nos lançam por um caminho na vida, levando a maioria das pessoas a perseguir interesses específicos e, em casos extremos, levando outros para transtornos psiquiátricos”.

Fonte: livescience.com

30 de janeiro de 2012

Depressão e ansiedade resistente: será bipolaridade?


Por Dr. Diogo Lara, M.D., Ph.D.*

Um dos mais antigos e ainda vigentes debates da psiquiatria trata da distinção e da separação entre depressão maior e transtorno bipolar. Essa distinção teve suporte em manuais diagnósticos recentes, mas, por outro lado, uma série de pesquisas atuais aponta uma constante entre esses diagnósticos. O transtorno bipolar do tipo II, com hipomania e ausência de mania plena, pode ser considerado um diagnóstico intermediário entre o tipo I e a depressão maior, ainda mais por haver uma grande predominância de sintomas depressivos em relação aos sintomas hipomaníacos.

Por causa dessa ascendência de sintomas depressivos, ocorrem quadros de bipolaridade não reconhecidos, muitas vezes ao longo de anos de tratamento. Enquanto não for diagnosticado como parte do espectro bipolar, tais pacientes com bipolaridade “leve” freqüentemente serão considerados portadores de depressão ou ansiedade resistente ou refratário ao tratamento. A avaliação clínica minuciosa sobre o curso, os sintomas, a história familiar e a resposta farmacológica auxilia a revelar a bipolaridade nesses pacientes. Por exemplo, na série consecutiva de 563 pacientes com sintomas depressivos avaliados na prática privada, 56,8% possuíam diagnóstico de bipolaridade. A noção de que os tipos de transtornos de humor são entidades categóricas independentes e separadas tem sido questionada por uma série de estudos recentes.

As características e os achados que favorecem a concepção de uma constante nos transtornos de humor, principalmente entre o transtorno bipolar do tipo II e a depressão maior, são:

• a presença de episódios mistos e disfóricos, em que há uma concomitância de sintomas de polaridades opostas;

• história familiar comum ou cruzada, na qual a depressão maior também é muito freqüente em familiares de bipolares e vice-versa em menor grau;

• ausência de uma “zona de raridade” entre os transtornos;

• há casos de depressão maior sem hipomanias claras, mas com várias características mais comuns à bipolaridade, como estados mistos, início precoce, características atípicas (hipersonia, hiperfagia, sensação de corpo pesado, co-hipersensibilidade interpessoal), história familiar de bipolaridade, irritabilidade, pensamentos rápidos ou que não desligam e agitação psicomotora;

• alta taxa de virada ou de mudança no diagnóstico para a bipolaridade no acompanhamento de longo prazo;

• casos de depressão sem hipomanias claras, mas com cursos cíclicos semelhantes;

• resposta terapêutica a estabilizadores de humor em uma parcela de pacientes com depressão refratária;

• resposta a antidepressivos em uma fração de pacientes com transtorno bipolar.


A impossibilidade de traçar uma linha divisória clara entre o transtorno bipolar e a depressão maior não signifi ca, contudo, que sejam quadros semelhantes ou com a mesma base biológica. Ou seja, um modelo contínuo não é sinônimo de um modelo unitário, no qual todos os quadros de humor fariam parte da mesma diátese. Por exemplo, um paciente bipolar com predominância de episódios e sintomas maníacos pode ser radicalmente diferente de um paciente com depressão maior em comorbidade com fobia social. Além desses fatores, a difi culdade diagnóstica aumenta, pois muitos pacientes com sintomas depressivos não reconhecem ou percebem a hipomania como um estado patológico. Portanto, não relatam fases hipomaníacas de forma espontânea, e mesmo os clínicos muitas vezes deixam de investigar a hipomania direta e sufi cientemente. Com freqüência, esta só é descoberta a partir de perguntas mais sutis e pela avaliação caso a caso de situações suspeitas. Em parte, a dificuldade da clara detecção da hipomania se deve ao fato de ela apresentar uma estrutura dimensional em vez de categórica.

A maior ênfase em sintomas de ativação e o menor destaque no critério de duração dos sintomas auxiliam na detecção de casos de bipolaridade menos típicos, muitas vezes tidos como refratários a vários tratamentos farmacológicos à base de antidepressivos. A partir da avaliação retrospectiva de hipomania, a exigência de quatro dias de hipomania, como proposto pelo DSM-IV, faz com que um de cada três pacientes com transtorno bipolar do tipo II seja classifi cado equivocadamente como portador de depressão maior unipolar.

A detecção da hipomania ainda é o requisito para considerar que um paciente faça parte do espectro bipolar. Apesar de haver pacientes ciclotímicos com depressão recorrente sem hipomania clara – que provavelmente fazem parte da diátese bipolar –, a presença de hipomania é altamente específica para a bipolaridade. A mania e a hipomania são formadas por sintomas e características comportamentais que podem ser divididos em dois fatores ou grupos principais: sintomas de “ativação/euforia” e sintomas de “irritabilidade e excessos”. Os sintomas de “ativação e euforia” são particularmente negligenciados como patológicos pelos pacientes.

Comparando pacientes bipolares dos tipos I e II, não há diferenças marcantes na distribuição desses sintomas entre a mania completa e a hipomania.

Pacientes com sintomas de ansiedade proeminentes classicamente eram tratados com benzodiazepínicos e, mais recentemente, com antidepressivos, em particular os serotonérgicos. No entanto, os quadros de depressão com ansiedade também ocorrem com freqüência em pacientes do espectro bipolar.

Muitas vezes, esses pacientes apresentam um quadro misto de humor com predominância depressiva (sintomas depressivos e três sintomas de hipomania concomitantes). A presença de alguns sintomas específi cos favorece a detecção de pacientes em episódio depressivo misto:

• irritabilidade tem boa sensibilidade e especificidade;

• distratibilidade e profusão de pensamentos têm alta sensibilidade e baixa especificidade;

• agitação psicomotora e taquilalia têm alta especificidade, mas baixa sensibilidade.

Ou seja, pacientes que se apresentam com queixas depressivas proeminentes associadas a irritabilidade, agitação psicomotora, pensamentos que não desligam e/ou taquilalia estão provavelmente em um estado misto, e não em um estado depressivo puro. Nesses casos, é recomendado o uso de estabilizadores de humor.

* Dr Diogo Lara é Professor de psiquiatria da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na área de neuropsicofarmacologia, autor do livro Temperamento forte e bipolaridade: dominando os altos e baixos do humor(www.bipolaridade.com.br)

A íntegra do artigo pode ser lida em http://www.segmentofarma.com.br/arquivos/depress%C3%A3o%20e%20bipolaridade_6QQ11J.pdf

26 de janeiro de 2012

Iniciativas da Prefeitura do Rio para a Terceira Idade.

A Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (SESQV) é o órgão municipal responsável pelas políticas públicas voltadas para a terceira idade.

A missão é implementar e promover políticas públicas, proporcionando qualidade de vida ao idoso da cidade do Rio de Janeiro.

O objetivo é promover a qualidade de vida, disseminar os hábitos saudáveis e melhorar a condição de vida da população da terceira idade.

Objetivos Específicos

• Atender às necessidades dos idosos previstas no Estatuto do Idoso.
• Instituir políticas públicas voltadas à construção de uma cultura de hábitos saudáveis.
• Articular, de maneira transversal, políticas públicas que promovam a qualidade de vida, principalmente do idoso carioca.

Abaixo relacionamos os principais programas que a Secretaria oferece:


Qualivida

Aulas gratuitas de ginástica em 120 núcleos espalhados pela cidade. As atividades são ministradas por um professor de educação física, com apoio de um profissional de saúde, e acontecem todos os dias, das 7h às 9h da manhã. Os principais objetivos são proporcionar à população de terceira idade a manutenção do vigor e da autonomia físicos, reintegração social e melhora na qualidade de vida.

Casas de Convivência e Lazer para Idosos

Referência no que diz respeito à inclusão social de idosos no município. As atividades desenvolvidas nas Casas de Convivência e Lazer, de forma totalmente gratuita, geram impacto direto na promoção da saúde física e emocional dos freqüentadores. São seis espaços em funcionamento, nos bairros da Gávea, São Conrado, Tijuca, Lagoa, Botafogo e Penha, que proporcionam um convívio saudável e prazeroso ao idoso, procurando reproduzir do modo mais fidedigno possível um ambiente familiar. Algumas das aulas das quais os usuários podem participar são: dança de salão, artesanato, tai chi chuan, inglês, francês, desenho, alongamento, ginástica localizada, percussão, entre muitas outras atividades lúdicas, esportivas e informativas. As Casas funcionam todos os dias, das 8h às 18h.


Academias da Terceira Idade (ATIs)

A primeira academia foi instalada, em agosto de 2009, na Praça Serzedelo Correia, no coração de Copacabana. Hoje, já existem outras 39 unidades em funcionamento, em diversos bairros: Leme, Urca, Flamengo, Botafogo (2), Largo do Machado, Cavalcanti, Glória, Anchieta, Penha, Ilha do Governador, Tijuca, Vila Isabel, Inhoaíba, Campinho, Méier, Bangu (2), Praça Seca, Merck, Copacabana, Ipanema, Grajaú, Leblon, Bairro Peixoto, Barra da Tijuca, Vigário Geral e Campo Grande. São composta por 10 aparelhos que permitem o desenvolvimento de exercícios de força e flexibilidade, atendendo diretamente às necessidade dos idosos. Aulas, supervisionadas por um profissional de educação física, acontecem, diariamente, das 7h às 10h e das 16h às 19h. Em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC), a SESQV também mantém ATIs em postos de saúde e em clínicas da família por toda a cidade.

Saúde Móvel

Promover a saúde e reduzir riscos de contaminação por doenças associadas ao envelhecimento, diminuindo as chances de dependência do idoso. Essa é a proposta deste projeto, que amplia o acesso daqueles com mais de 60 anos, prioritariamente os com dificuldades de locomoção, aos serviços de saúde oferecidos pelo governo municipal.

Veículos adaptados para funcionar como mini-consultórios médicos visitam os mais diversos bairros e comunidades, de forma intinerante, com profissionais especializados e toda a infra-estrutura necessária para a realização de consultas, exames e pequenos procedimentos, nas seguintes áreas: clínica médica, geriatria, oftalmologia e odontologia.

Mais informações acesse o site do SESQV - http://www.rio.rj.gov.br/web/sesqv

25 de janeiro de 2012

Ler livros e fazer quebra-cabeças reduz proteína relacionada com Alzheimer.

As pessoas que mantêm o cérebro ativo durante toda a vida com atividades cognitivamente estimulantes como leitura, escrita e jogos têm menores níveis de proteína beta amiloide, vinculada com o Mal de Alzheimer, indicou um estudo publicado na edição digital da revista "Archives of Neurology".

A proteína em questão forma placas senis no cérebro dos pacientes com Alzheimer ao concentrar-se e afetar a transmissão entre as células nervosas do cérebro.

Embora estudos anteriores já tenham sugerido que realizar atividades mentais poderia contribuir para evitar o Alzheimer na idade adulta, esta nova pesquisa identifica o fator biológico, o que pode ajudar a desenvolver novas estratégias para os tratamentos.

"Mais que simplesmente proporcionar resistência ao Mal de Alzheimer, as atividades de estímulo do cérebro podem afetar um processo patológico primário da doença", indicou um dos principais envolvidos no estudo, William Jagust, professor do Instituto de Neurociência da Universidade da Califórnia.

Isto indicaria que o tratamento cognitivo "pode ter um importante efeito 'modificador' da doença se forem aplicados os benefícios do tratamento com suficiente adiantamento, antes que apareçam os sintomas", explicou.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta principalmente os adultos de idade avançada. Seu principal sintoma é a perda de memória, que tem como consequência a demência.

Os pesquisadores pediram a 65 adultos sãos, cognitivamente normais e maiores de 60 anos, que indicassem a frequência com a qual participaram de atividades mentais como ler livros e jornais e escrever cartas ou e-mails.

As perguntas foram focadas em vários pontos da vida desde os 6 anos até a atualidade.

Os participantes fizeram testes neuropsicológicos amplos para avaliar sua memória e outras funções cognitivas, além de terem se submetido a scanners cerebrais e a um exame desenvolvido no Laboratório de Berkeley a fim de visualizar as proteínas beta amiloides.

Os pesquisadores compararam os resultados dos indivíduos sãos com os de 10 pacientes diagnosticados com Alzheimer e os de 11 pessoas sãs de 20 anos, descobrindo uma associação significativa entre os níveis mais altos da atividade cognitiva durante toda a vida e níveis baixos da proteína.

"Esta é a primeira vez em que o nível de atividade cognitiva se relaciona com a acumulação de beta amiloide no cérebro", assinalou Susan Landau, pesquisadora do Instituto de Neurociência Helen Wills e do Laboratório de Berkeley (Califórnia).

"A acumulação dessas proteínas provavelmente começa muitos anos antes do aparecimento dos sintomas. O início da intervenção pode ser muito antes, e é por isso que estamos tentando identificar se os fatores de estilo de vida podem estar relacionados com as primeiras mudanças", explicou Susan.

Fonte: Estadão.com.br

20 de janeiro de 2012

Ações na justiça para garantir medicação pelo governo.



A Constituição Brasileira garante a universalidade da prestação de serviços de saúde, dentre eles que o Estado forneça medicamentos para o tratamento das doenças da população, garantindo direito e acesso iguais a todos os cidadãos.

No artigo intitulado ” Da Falta de Efetividade à Judicialização Excessiva: Direito à Saúde, Fornecimento Gratuito de Medicamentos e Parâmetros para a Atuação Judicial” o Procurador do Estado do Rio de Janeiro e Professor titular de direito constitucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Dr. Luis Roberto Barroso, faz uma análise crítica do papel do Judiciário, que “deve guardar parcimônia e, sobretudo, deve procurar respeitar o conjunto de opções legislativas e administrativas formuladas acerca da matéria pelos órgãos institucionais competentes. Em suma: onde não haja lei ou ação administrativa implementando a Constituição, deve o Judiciário agir. Havendo lei e atos administrativos, e não sendo devidamente cumpridos, devem os juízes e tribunais igualmente intervir. Porém, havendo lei e atos administrativos implementando a Constituição e sendo regularmente aplicados, eventual interferência judicial deve ter a marca da autocontenção.”

Abaixo destacamos alguns trechos do artigo que permitem compreender como a Constituição, Leis e Portarias do Ministério da Saúde abordam a questão.

“A Constituição Federal estabelece, no art. 196, que a saúde é “direito de todos e dever do Estado”, além de instituir o “acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. A partir da Constituição Federal de 1988, a prestação do serviço público de saúde não mais estaria restrita aos trabalhadores inseridos no mercado formal. Todos os brasileiros, independentemente de vínculo empregatício, passaram a ser titulares do direito à saúde.

Logo após a entrada em vigor da Constituição Federal, em setembro de 1990, foi aprovada a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/90). A lei estabelece a estrutura e o modelo operacional do SUS, propondo a sua forma de organização e de funcionamento. O SUS é concebido como o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta. A iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter complementar. Entre as principais atribuições do SUS, está a “formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção”.

No que toca particularmente à distribuição de medicamentos, a competência de União, Estados e Municípios não está explicitada nem na Constituição nem na Lei. A definição de critérios para a repartição de competências é apenas esboçada em inúmeros atos administrativos federais, estaduais e municipais, sendo o principal deles a Portaria nº 3.916/98, do Ministério da Saúde, que estabelece a Política Nacional de Medicamentos. De forma simplificada, os diferentes níveis federativos, em colaboração, elaboram listas de medicamentos que serão adquiridos e fornecidos à população.

Com efeito, ao gestor federal caberá a formulação da Política Nacional de Medicamentos, o que envolve, além do auxílio aos gestores estaduais e municipais, a elaboração da Relação Nacional de Medicamento (RENAME). Ao Município, por seu turno, cabe definir a relação municipal de medicamentos essenciais, com base na RENAME, e executar a assistência farmacêutica. O propósito prioritário da atuação municipal é assegurar o suprimento de medicamentos destinados à atenção básica à saúde, além de outros medicamentos essenciais que estejam definidos no Plano Municipal de Saúde. O Município do Rio de Janeiro, por exemplo, estabeleceu, através da Resolução SMS nº 1.048, de março de 2004, a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME), instrumento técniconormativo que reúne todo o elenco de medicamentos padronizados usados pela Secretaria Municipal de Saúde.

A União em parceria com os Estados e o Distrito Federal ocupa-se sobretudo da aquisição e distribuição dos medicamentos de caráter excepcional, conforme disposto nas Portarias nº 2.577/GM, de 27 de outubro de 2006, e nº 1.321, de 5 de junho de 2007. Assim, ao gestor estadual caberá definir o elenco de medicamentos que serão adquiridos diretamente pelo Estado, particularmente os de distribuição em caráter excepcional. No caso específico do Estado do Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Saúde criou Comitê Técnico Operacional, com as funções de adquirir, armazenar e distribuir os medicamentos de competência estadual (Resolução SES nº 2.471, de 20 de julho de 2004). Além disso, criou também o Colegiado Gestor da Política Estadual de Medicamentos e Assistência Farmacêutica (Resolução SES nº 2.600, de 2 de dezembro de 2004), que tem a função de auxiliar a Secretaria de Estado na gestão da Assistência Farmacêutica. Acrescenta-se ainda que o Governo Estadual possui um programa de assistência farmacêutica denominado Farmácia Popular, que fornece remédios à população a preços módicos.

Os medicamentos de “dispensação” em caráter excepcional são aqueles destinados ao tratamento de patologias específicas, que atingem número limitado de pacientes, e que apresentam alto custo, seja em razão do seu valor unitário, seja em virtude da utilização por período prolongado. Entre os usuários desses medicamentos estão os transplantados, os portadores de insuficiência renal crônica, de esclerose múltipla, de hepatite viral crônica B e C, de epilepsia, de esquizofrenia refratária e de doenças genéticas como fibrose cística e a doença de Gaucher.”

Diante da dificuldade de Estados e Municípios de garantirem este direito constitucional através dos programas de dispensação de medicamentos, muitas famílias e pacientes têm recorrido ao Judiciário para fazer valer seus direitos.

No tocante à esquizofrenia agrava-se o fato de ser uma doença crônica, que requer o uso contínuo de medicamentos, geralmente de alto custo e que causam um impacto financeiro grande para as famílias no longo prazo.

Soma-se a isto o fato do Ministério da Saúde incluir na lista de medicamentos excepcionais todos os antipsicóticos de segunda geração, disponibilizando regularmente na rede do SUS somente os medicamentos de primeira geração, sabidamente menos eficientes do que os mais modernos.

Portanto, para os pacientes que necessitam de antipsicóticos de segunda geração, a forma de consegui-los pelo Estado é através do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Portaria 2981), através das guias LME. Em alguns Estados, entretanto, o acesso ao programa é facultado somente aos pacientes que se tratam na rede do SUS, provocando muitas ações judiciais por parte de pacientes que se tratam na rede privada, mas que também não teriam como arcar com os custos dos medicamentos mais modernos.

Devido ao aumento da demanda por antipsicóticos de segunda geração tem havido em muitos Estados dificuldades no cadastramento de novos pacientes e irregularidades na dispensação de medicamentos, aumentando ainda mais a procura pelo Judiciário.

Uma forma de corrigir este problema seria rever os antipsicóticos da lista de medicamentos básicos e essenciais, incluindo os de segunda geração cuja patente expirou e para os quais já existem genéricos, desburocratizar e ampliar o acesso aos medicamentos excepcionais de maior custo para todos os pacientes.

A tendência mundial é que todos os pacientes com esquizofrenia sejam medicados com antipsicóticos de segunda geração, por serem mais bem tolerados, tratarem melhor os sintomas negativos e cognitivos, considerados sintomas crônicos da esquizofrenia, terem menor risco de discinesia tardia e aumentarem as chances de recuperação da doença.

16 de janeiro de 2012

Austrália testa spray bucal para tratar dependência à maconha

Pesquisadores na Austrália começaram a testar um spray bucal que contém substâncias derivadas da cannabis para combater a dependência à maconha e diminuir os efeitos da síndrome de abstinência, que provoca insônia e mudanças de humor, entre outros sintomas.

Os experimento com o fármaco Sativex, originalmente utilizado em tratamentos contra a esclerose múltipla, serão realizados em Sydney e na vizinha Newcastle.

A diretora do Centro Nacional de Prevenção e Informação sobre Maconha, Jan Copeland, disse à emissora de TV local ABC que o spray é um produto elaborado a partir de um extrato retirado da própria cannabis. A terapia é semelhante à aplicada contra o tabagismo, na qual se substitui a nicotina.

O spray bucal tem dose mínimas do princípio ativo THC (tetrahidrocanabinol) para evitar que o paciente fique narcotizado e, ao mesmo tempo, ajudar a reduzir o consumo de maconha.

Também tem grandes doses de ácidos carboxílicos que colaboram com a redução da ansiedade e tem efeitos antipsicóticos.

Cerca de 200 mil pessoas fumam maconha na Austrália, que tem uma população de 22,3 milhões de pessoas.

Austrália e Nova Zelândia são os países com a maior taxa de consumo de maconha e anfetamina no mundo, segundo um estudo publicado recentemente na revista médica "The Lancet".

Fonte: http://www.correiodoestado.com.br/noticias/australia-testa-spray-bucal-para-tratar-dependencia-a-maconh_137909/

13 de janeiro de 2012

Pesquisa diz que maus-tratos na infância alteram genes do estresse em adultos.

Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade e do Hospital de Genebra descobriu que os maus-tratos na infância modificam a regulação dos genes que controlam o estresse na vida adulta, o que pode provocar o desenvolvimento de várias patologias.

Do estudo, participaram 101 adultos, todos eles vítimas de transtorno de personalidade limítrofe, também conhecido como "borderline".

A equipe de cientistas observou uma porcentagem significativamente superior de modificação genética no DNA de indivíduos que sofreram maus tratos, abuso físico, sexual, emocional ou carência afetiva em relação aos que não sofreram tais situações. As conclusões, publicadas na revista especializada "Translational Psychiatry", apontam que o estresse gerado por abusos provoca uma modificação epigenética do gene receptor de glucocorticóide que atua sobre o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal.

Este eixo regula o controle de estricção, segundo a equipe da Faculdade de Medicina da Universidade de Genebra e dos Hospitais Universitários de Genebra. Quando esse eixo se altera pode perturbar a gestão do estresse na idade adulta e causar o desenvolvimento de psicopatologias.

Os pesquisadores ressaltaram que se os voluntários tivessem sofrido o impacto de outros traumas violentos, como uma catástrofe natural ou um acidente aéreo, os resultados seriam semelhantes.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,pesquisa-diz-que-maus-tratos-na-infancia-alteram-genes-do-estresse-em-adultos,822227,0.htm

9 de janeiro de 2012

Capacidade cognitiva começa a diminuir a partir dos 45 anos.




As capacidades cognitivas do homem começariam a declinar a partir dos 45 anos, muito antes dos 60 anos como se acredita de maneira geral, segundo um estudo do Inserm (Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica) francês e da University College de Londres publicado no "British Medical Journal".

Apesar de estar claro que o rendimento cognitivo diminui com a idade, a data de início da queda gera controvérsia.

Estudos recentes descartaram que o fenômeno pudesse começar antes dos 60 anos, segundo o Inserm.

Uma série de testes de memória, vocabulário, raciocínio e expressão oral foram realizados com 5.198 homens e 2.192 mulheres de 45 a 70 anos, dentro de um estudo mais amplo, denominado "coorte Whitehall 2", baseado em dez anos de acompanhamento médico e em exames individuais.

"Os resultados mostram que o rendimento cognitivo [com exceção dos testes de vocabulário] diminui com a idade e isto cada vez mais rapidamente na medida que as pessoas envelhecem", destaca o Inserm.

Em dez anos, o rendimento de raciocínio caiu 3,6% para os homens de 45 a 49 anos e 9,6% para os de 65 a 70 anos.

No caso das mulheres, a queda é a mesma (-3,6%) para o primeiro grupo etário e menos considerável (-7,4%) para as mulheres de 65 a 70 anos.

Para Archana Singh-Manoux, que coordenou a equipe do Inserm, "é importante determinar a idade de início do declínio cognitivo, já que possivelmente é mais eficaz atuar desde o começo, em particular com medicamentos, para mudar a trajetória do envelhecimento cognitivo".

30 de dezembro de 2011

Consertar um 'defeito' em células cerebrais pode curar a esquizofrenia


Cientistas americanos descobriram que o mau funcionamento de um processo celular no cérebro está intimamente relacionado à esquizofrenia, doença mental que causa alucinações e pode impossibilitar o convívio social dos pacientes. Segundo o estudo, que foi publicado na versão online da revista Translational Psychiatry, drogas que já estão em estágio final de desenvolvimento, voltadas ao tratamento de outras doenças, podem ajudar a bloquear os sintomas da esquizofrenia.

O problema, segundo pesquisadores do Instituto de Pesquisas Scripps, na Califórnia, nos Estados Unidos, está no DNA dos doentes, embora a doença não seja genética. A espiral que contém o código genético está ‘muito apertada’ nas células de quem tem esquizofrenia, segundo os cientistas. Trata-se de um defeito epigenético. Isso quer dizer que o DNA não foi alterado, mas funciona de forma errada.

Uma estrutura de proteínas chamada histona dá ao DNA o aspecto espiralado. “Há tanto DNA em cada célula do corpo que ele nunca poderia caber nelas a menos que fosse bem embalado”, explica Elizabeth Thomas, neurocientista que liderou o estudo. As histonas passam por mudanças químicas para relaxar e apertar o espiral e expor ou não genes que precisam ser utilizados.

Se genes que deveriam ser expostos não são, o organismo sofre consequências como as doenças de Parkinson e Huntington ou predisposição para o vício em drogas.

Relaxamento — A equipe de Thomas estava estudando o papel da acetilação das histonas, como é chamado o relaxamento no jargão científico, na doença de Huntington, um mal degenerativo que afeta as capacidades mentais e motoras. Em estudos anteriores, eles haviam mostrado que certos genes em doentes de Huntington e esquizofrênicos eram muito menos ativos do que em pessoas saudáveis. Então os cientistas resolveram pesquisar se o mesmo processo desencadeava as duas doenças.

Eles pesquisaram cérebros de esquizofrênicos e de pessoas saudáveis após sua morte. Em comparação com cérebros saudáveis, as amostras do cérebro de indivíduos com esquizofrenia apresentaram níveis mais baixos de acetilação em porções da histona, o que bloqueou a expressão de certos genes. Em outras palavras, o DNA nessas pessoas estava mais “apertado”. Nos cérebros de vítimas jovens de esquizofrenia, o problema era bem mais acentuado.

Tratamento — Os pesquisadores não sabem o que causa o defeito na acetilação, mas podem conseguir reverter o problema. É o objetivo de drogas que estão em fase final de desenvolvimento em vários laboratórios pelo mundo. Sua aplicação poderá curar a esquizofrenia, sobretudo em pacientes jovens, segundo Thomas. As drogas que existem atualmente tratam apenas de seus sintomas e provocam efeitos colaterais severos, como a diabetes.

As possibilidades podem ser ainda maiores, porque alguns dos déficits cognitivos que afligem os idosos parecem ser bastante similares biologicamente com a esquizofrenia. Os medicamentos devem começar a ser testados em humanos em breve, mas geralmente são necessários vários anos para sua aprovação pelos órgãos de controle governamentais.

Fonte: Revista Veja

23 de dezembro de 2011

Um vídeo para alegrar o seu Natal

Feliz Natal e um 2012 de muitas realizações!


Vamos aproveitar o espírito natalino e olhar mais para aqueles que precisam da nossa atenção e de nosso carinho. Esta é uma data em que as pessoas costumam ter mais compaixão umas pelas outras, as confraternizações de trabalho, reuniões de família e os encontros com os amigos costumam acontecer num clima mais positivo, em que as diferenças são postas de lado. Que este espírito mais fraternal permaneça em nós no ano que está por vir.

Vivemos em uma sociedade individualista, voltada para o imediatismo e o consumismo desenfreado, em que os valores estão mais no que se tem do que no que se é. Vivemos uma carência de subjetividade e afeto, em que muitas relações tornaram-se descartáveis à medida em que não "servem mais para o uso". Deixamos de perceber no outro a sua singularidade e esta é uma forma de não percebermos a nós mesmos. Quando deixamos de trocar com o outro, paramos também de evoluir e perdemos a nossa capacidade de inovar.

Influenciados pela cultura do descartável repetimos comportamentos sem nos darmos conta da crueldade com que agimos com as pessoas que não rumam neste mesmo sentido ou que não se moldam a estes valores. A nossa sociedade tem assim provocado mais segregação do que união. A família é muitas vezes um reflexo desta realidade. A mudança deve partir de dentro dela: na educação, no respeito mútuo e na convivência entre seus membros, procurando romper com o estado atual das coisas.

Portanto, mudar nosso comportamento, não só numa época festiva como esta, é crucial para quem quer somar ao invés de subtrair. Aí vão algumas dicas:

1) Sua presença é o maior presente! Só estando lá para ouvir e falar, e também visitar as pessoas que podem estar sozinhas durante o período festivo, pode fazer uma grande diferença para alguém neste Natal. Você não precisa ser um especialista em saúde mental para apoiar um amigo ou um membro da sua família que esteja mais vulnerável.

2) Se você sente que precisa de apoio, reserve um tempo para conversar com amigos ou familiares sobre suas preocupações ou dúvidas. Falar pode ajudar a buscar o foco e colocar as coisas em perspectiva.

3) Tire um tempo para si mesmo, para refletir sobre a vida e sobre as pessoas que você ama. Perceba como tem agido e qual a resposta tem recebido delas. Se estiver estressado ou chateado, dê uma caminhada, ouça uma boa música ou pegue um livro para uma leitura rápida.

4) Coma bem, beba com moderação e encontre formas divertidas de ficar ativo. Cuidar da sua saúde física durante o Natal pode ser um bom caminho para proteger a sua saúde mental também.

5) Tenha uma boa noite de sono. A emoção e o estresse do Natal mais ir até tarde da noite para estar reunido com seus entes queridos pode afetar o sono. O importante é estar bem descansado para que você possa se sentir bem.

6) Lembre-se de relaxar. Compense as responsabilidades e o trabalho com as atividades de recreação e lazer, e se dê um tempo livre quando sentir que precisa. Os exercícios de respiração, meditação ou yoga ajudam a relaxar.

7) Tente não fazer tudo sozinho. Pedir aos outros que compartilhem as tarefas com você, como cozinhar, limpar, decorar ou embrulhar os presentes, é importante para garantir que você não se sinta estressado ou sob pressão. É uma boa oportunidade também para unir as pessoas e conversar sobre outras coisas.

8) Lembre-se da arte de dar. Natal não é só receber presentes, é sobre o espírito de dar também. Por que não alegrar o dia de alguém? Ofereça seus serviços para uma instituição de caridade que fornece refeições de Natal ou visite um vizinho idoso, um amigo ou parente que pode estar vulnerável neste momento. Fazer algo generoso pelos outros pode fazer você se sentir bem consigo mesmo.

9) Não coloque pressão sobre si mesmo para que tenha um grande momento. A expectativa de que todos devem ser felizes e se divertir no Natal pode deixar você pra baixo e esgotado, portanto, se tranquilize de que não se sentir alegre é completamente normal e muitas pessoas se sentem da mesma maneira. Procure respeitar a emoção do outro se ele não compartilha do mesmo estado de espírito.

10) O Natal não tem que ser perfeito. Alguns dos melhores momentos da vida são quando as coisas não saem como planejadas e você se vê no desafio de fazer as coisas acontecerem.

Tenha um Natal alegre e divertido e um 2012 de muita saúde, conquistas e avanços pessoais. Esperança, sobretudo esperança de que dias melhores virão e que o futuro só depende de nós!

9 de dezembro de 2011

Fatores de risco do derrame também favorecem declínio mental


Um estudo publicado na revista Neurology, da American Academy of Neurology, mostrou que quanto maior for o risco de uma pessoa sofrer de um acidente vascular cerebral (AVC), mais chances ela tem de sofrer de declínio mental. A análise foi liderada por pesquisadores da Indiana University School of Medicine, nos Estados Unidos.

Mais de 23 mil pessoas de, no mínimo, 45 anos foram acompanhadas durante quatro anos. Neste período, 1.907 delas apresentaram comprometimento cognitivo ao longo do estudo. Os resultados mostraram que fatores de risco do derrame, como pressão alta, diabetes, tabagismo, idade avançada e doenças cardiovasculares, também eram indicadores de uma maior propensão ao comprometimento cognitivo.

Assim, a cada aumento de 10 milímetros na pressão arterial sistólica, o risco de declínio mental aumentava em 4%. Além disso, a cada década, o risco de declínio mental dobrava, resultado similar aos da probabilidade de se ter um AVC.

Segundo os pesquisadores, a descoberta é um alerta para que as pessoas façam exames periódicos para que seja possível o diagnóstico e o tratamento precoce da pressão alta, manutenção fundamental para a preservação do cérebro.

Fumo passivo também prejudica a saúde mental

A exposição à fumaça do cigarro pode aumentar os riscos de uma doença psiquiátrica, mesmo entre aqueles que não fumam, segundo um estudo da University College London, no Reino Unido.

Avaliando os níveis de cotinina na saliva, substância indicadora de exposição ao fumo, de 5,5 mil não fumantes e 2,7 mil fumantes sem histórico de doenças mentais, os especialistas descobriram que uma maior exposição ao cigarro estava associada a 50% mais chances de relatar sofrimento psicológico. Os riscos de desenvolver, futuramente, doença psicológica também aumentavam devido à maior exposição ao cigarro, seja ela direta ou indireta.

Os pesquisadores disseram que, com os grandes avanços em relação as leis de restrição do tabagismo em locais públicos, a exposição ao fumo passivo em casa está crescendo. E o novo estudo, publicado na revista Archives of General Psychiatry, indica que, além dos péssimos efeitos físicos do tabagismo no organismo, deve haver uma maior preocupação com a saúde mental daqueles que convivem com fumantes.

Fonte: R7

2 de dezembro de 2011

Estigma e violência




O estigma é a carga mais pesada que uma pessoa com doença mental carrega. O estigma afeta oportunidades de moradia, emprego e socialização. Apesar dos esforços em seu combate, permanecem pouco explorados os motivos que levam a ele.

Uma constatação inicial é de que o estigma contra as pessoas com doenças mentais aumentou nos últimos 50 anos. Pesquisadores norte-americanos compararam as concepções da população geral sobre a doença mental nos anos de 1950 e 1996 e verificaram que, apesar de uma maior compreensão em 1996, as pessoas tinham mais preconceito do que em 1950. Quando eles compararam com a situação de 2006, viram que os avanços da ciência que fizeram da década de 90 a “década do cérebro” ajudaram a reduzir a discriminação, porém o estigma continuava alto entre os americanos. Embora a neurociência seja uma ferramenta importante para o combate ao estigma, os índices de discriminação permanecem relativamente fixos na população.

Uma razão para isso parece ser a associação entre doença mental e violência. Os estudos que mostraram um aumento do estigma também identificaram um aumento na percepção da violência de doentes mentais pela população. Surpreendentemente esta não parece ser a razão para o estigma na década de 50, já que os estudos demonstraram que a principal razão para a discriminação nesta época era a falta de informação e não a sensação de perigo em relação aos pacientes.

Reportagens de jornais relacionando crimes a doentes mentais têm aumentado muito nas ultimas décadas e isto contribuiu para alimentar esta sensação na sociedade. A associação entre um crime de grande repercussão e a doença mental produz um rótulo muito forte nas pessoas e destrói todos os avanços que uma campanha anti-estigma de uma década poderia alcançar, constatam alguns pesquisadores.

Os episódios de violência cometidos por pessoas mentalmente enfermas são raros quando comparados à violência cotidiana, porém quando ocorrem tem uma repercussão muito maior. O comportamento agressivo pode ocorrer no início de um episódio psicótico e normalmente está associado à falta de tratamento e suporte psicossocial.

Um estudo com 802 pacientes mostrou que os violentos tinham quase duas vezes mais chance de não terem aderido ao tratamento do que os não violentos. Vários estudos confirmaram que o tratamento com antipsicóticos reduz o comportamento agressivo nos pacientes. O reconhecimento e o tratamento precoce dos pacientes podem ser, portanto, medidas úteis tanto para reduzir os casos de violência associados à doença mental como para combater o estigma na sociedade.

Campanhas anti-estigma têm repetido sistematicamente constatações verdadeiras de que “a maior parte dos atos violentos não são cometidos por pessoas mentalmente enfermas”, “pacientes são mais vítimas do que atores de algum tipo de violência” e “a maioria dos pacientes não é violenta”, porém esta estratégia não tem sido eficaz para reduzir o estigma na população. Estas afirmações não contradizem ou negam o fato de que uma minoria dos pacientes pode se tornar violenta se não for tratada e esta minoria é uma causa importante do estigma contra os doentes mentais.

Após a deputada Gabrielle Gifford ser baleada em Tucson, Arizona, por um homem que saiu atirando a esmo, uma mulher esquizofrênica escreveu para o presidente Obama: “Eu estou muito preocupada com o problema das pessoas com doença mental grave que não são tratadas neste país. Quando violentas, elas mancham a nossa reputação. Eu sinto isto na pele… Por favor, cuide para que tragédias como esta não se repitam.”

No Brasil, o assassinato de 12 crianças numa escola em Realengo, no Rio de Janeiro, e a conclusão infundada e precipitadamente divulgada pela mídia de que o assassino seria esquizofrênico causou reação semelhante. O portal recebeu algumas mensagens de pacientes e familiares, alguns repudiando o diagnóstico do assassino e outros preocupados com o efeito que o episódio teria sobre o estigma contra os doentes mentais.

O Jornal O Globo traz uma reportagem de capa em que afirma que peritos concluíram que o atirador Anders Breivik, que matou 77 pessoas na Noruega em julho deste ano, seria esquizofrênico.

O Estado precisa cuidar dessas pessoas que estão em risco, oferecer apoio e tratamento antecipando-se a possíveis tragédias. Seria uma maneira de prevenir que crimes cometidos por pessoas mentalmente doentes ocorram e ganhem a mídia. Dificilmente campanhas anti-estigma terão sucesso diante do efeito que notícias como estas têm sobre as pessoas.

Fonte: este texto foi baseado no artigo publicado na revista Schizophrenia Bulletin “Stigma and Violence: Isn´t it time to connect the dots?” por E. Fuller Torrey em setembro de 2011.

Enxaqueca pode aumentar o risco de depressão


Pessoas que sofrem com dores de cabeça muito fortes correm mais riscos de desenvolver depressão clínica, sugere um novo estudo, realizado por especialistas do Canadá. A pesquisa, publicada na revista Headache (dor de cabeça em português), ainda sugere que as pessoas com depressão clínica também têm grandes chances de ter enxaqueca. De acordo com os pesquisadores, porém, essa segunda descoberta pode ter sido feita ao acaso.

Para a líder da equipe, Geeta Modgill, da Universidade de Calgary, aqueles que sofrem de enxaqueca e depressão precisam conhecer os sinais de ambos os males, já que sofrer de um deles pode significar vir a ter o outro.

Enxaquecas são dores de cabeça latejantes, às vezes em apenas um lado da cabeça, que podem vir acompanhadas de náuseas e sensibilidade à luz. Às vezes, elas podem ser precedidas de perturbações visuais conhecidas como 'auras'. Depressão é um transtorno mental grave definida por um conjunto de sintomas que podem incluir a tristeza, a insônia, a fadiga e dormência emocional.

Para realizar esse novo estudo, a equipe de Modgil utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde da População Canadense, que avaliou mais de 15 mil pessoas, a cada dois anos, entre 1994 e 2007. No geral, cerca de 15% delas tiveram depressão e cerca de 12% sofreram enxaquecas ao longo desses 12 anos.

Casos de depressão foram significativamente mais comuns entre as pessoas que apresentaram enxaqueca no início do estudo - 22% dos pacientes com enxaqueca também tinham depressão, versus 14,6% daqueles que não tinham a doença.

Esse fato mostrou que pessoas com enxaqueca têm 80% mais probabilidade de desenvolver depressão do que pessoas sem essas dores de cabeça. A ligação também se manteve quando foram analisadas outras influências, como idade e sexo.

Pessoas com depressão também mostraram ter 40% mais probabilidade de desenvolver enxaqueca do que os não deprimidos, mas essa relação não era tão forte quanto a primeira. Além disso, a associação desapareceu quando os dados foram ajustados para o estresse e o trauma de infância.

Segundo os pesquisadores, certas situações vividas na infância podem alterar a forma como o cérebro responde ao estresse mais tarde, mas este tipo de estudo não serve para destrinchar os efeitos biológicos. A pesquisa também não pode determinar causa e efeito para o link percebido entre a depressão e a enxaqueca.

Apesar de nenhum mecanismo evidente, Geeta Modgill afirmou que 'algo está acontecendo aqui', merecendo ser estudado. "O próximo passo deve focar em como explorar esta informação e de que forma ela poderá ser usada por médicos", disse a pesquisadora.

Fonte: Jornal Pequeno