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6 de maio de 2010

Professores dizem que psiquiatria transformou depressão em doença da moda


Os norte-americanos Jerome Wakefield e Allan Horwitz são professores de universidades e especialistas em diagnósticos de transtornos mentais

A partir de suas pesquisas, escrevem "A Tristeza Perdida", livro em que esmiúçam a forma como a depressão vem sendo tratada por médicos e psicólogos.

Para os autores, a psiquiatria contemporânea confunde tristeza normal com transtorno mental depressivo. E o faz porque ignora a relação entre os sintomas e o contexto em que eles aparecem. O subtítulo do livro --"como a psiquiatria transformou a depressão em moda"-- marca a posição dos professores em relação ao tema.

Wakefield e Horwitz analisam, ao longo de 11 capítulos, questões como o conceito de depressão e de depressão no século 20, o aumento significativo do consumo de antidepressivos e o impacto da patologia na sociedade.

Examinando evidências históricas, filosóficas e psicologias, ambos questionam se a psiquiatria atual distingue com ética e eficácia o que é normal e o que é patológico.


CLIQUE AQUI e leia o prefácio e as primeiras páginas do livro


Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

Elyn Saks e a comovente história de quem superou a esquizofrenia

A partir deste mês o Blog do Dr Leonardo Figueiredo Palmeira irá abordar através de seus artigos mensais os principais temas da Segunda Conferência Internacional da Sociedade de Pesquisa em Esquizofrenia, realizada em abril deste ano em Florença, Itália.


O primeiro artigo é sobre a conferência de abertura, ministrada pela Doutora Elyn Saks (foto), professora de Direito da Universidade da Califórnia do Sul, autora do livro “The Center Cannot Hold: My Journey Through Madness*” (sem tradução para o português), onde ela conta sua batalha pessoal contra a esquizofrenia.

Elyn Saks adoeceu na adolescência, mas só veio a aceitar a doença vinte anos depois de tentar lutar sozinha contra as alucinações terríveis e as paranóias que tinha. Iniciava e parava os tratamentos, se recusava a tomar as medicações, que, segundo ela, lhe traziam muitos efeitos colaterais e a faziam se sentir artificial.

“Eu tinha um pensamento incontrolável de que meu terapeuta era o demônio e que poderia me matar. Era um delírio que me distanciava do tratamento”, recorda-se.

Na infância lembra-se que tinha algumas manias e obsessões, só podia se levantar da cama se seus chinelos estivessem virados para cima e postos lado a lado. Por muito tempo cismou que havia um homem que durante a noite ficava do lado de fora de sua casa, aguardando-a dormir para entrar e matar sua família.

“O primeiro sinal real de psicose, que eu me lembre, foi aos 15 ou 16 anos, quando eu matei a escola (coisa que eu jamais faria) e corri para casa. No caminho tinha a nítida impressão que as casas da rua me mandavam mensagens: você é má, você é o diabo, tome cuidado, nós vamos te pegar”, conta Elyn.

Ela emagreceu muito, ficou muito abatida, se isolou de todos na escola e, depois, na faculdade. “Eu não queria falar com ninguém, pois achava que assim eu espalharia minha maldade para todo mundo”, explica. “Quando cheguei ao hospital e me olhei no espelho, tomei um susto. Estava irreconhecível, muito abatida, descuidada. Pensei: qualquer um que olhasse para mim perceberia que estava louca”.

Somente aos 40 anos convenceu-se de que a doença não iria embora sozinha e que precisava da medicação e da psicoterapia. “Por 20 anos eu lutei com a aceitação. Ironicamente, quanto mais eu aceitava que tinha uma doença mental, menos a doença me dominava – até o ponto em que me libertei. É como se destrancasse uma porta que sempre esteve à minha frente, mas que, por medo, relutava abrir. Agora sinto que não tem mais volta. Desde então, passei a levar muito a sério a medicação e minha psicoterapia”, enfatiza.

Os médicos diziam lhe que alguém que sofria de esquizofrenia não tinha qualquer esperança de sucesso profissional e alguns lhe pediram que abandonasse a faculdade de direito. Mas Elyn continuou seus estudos, não só se formou, como hoje é uma renomada professora e pesquisadora de sua área. Em 2001 casou-se com Will, “que trouxe mais humor para a sua vida”. É o companheiro que a ajuda nos momentos mais difíceis e de maior estresse. “É ele quem me alerta de possíveis sinais e comportamentos que indiquem alguma recaída”, acrescenta.

Mesmo em tratamento e bem, ela não se descuida. “A psicose não é como um botão que você liga ou desliga, é como um dimmer, que você regula o nível de intensidade. Neste momento eu conheço minha doença muito bem e não é tão incomum assim eu ter algum tipo de pensamento psicótico. Então eu falo para mim mesma: é apenas a minha doença atuando. Mesmo nos períodos em que começo a acreditar nas minhas maluquices, penso no que as outras pessoas vão pensar e me controlo para não parecer louca. É a forma como procuro me livrar dos sintomas”.

Ela escreveu este livro para dar esperança às pessoas que sofrem de esquizofrenia e para que as outras pessoas compreendam melhor a doença. “Espero que esta história ajude a implodir os mitos que cercam a doença mental”, conclui.

Ao final de sua palestra, Elyn listou aquilo que considera ser fundamental na recuperação de uma pessoa que sofre de esquizofrenia:

1) Tomar a medicação corretamente
2) Viver com a família ou com animais de estimação: ela destaca o papel dos bichos de estimação, como cães e gatos, na recuperação de esquizofrênicos.
3) Evitar o isolamento
4) Envolver-se espiritualmente (igreja, religião)
5) Hábitos saudáveis de vida como exercícios físicos e alimentação saudável
6) Evitar drogas e álcool
7) Evitar atividades e ambientes superestimulantes ou estressantes
8) Evitar ambientes com muita gente e viagens muito longas
9) Trabalhar em um ambiente acolhedor
10) Participar de serviços ou grupos de recuperação/ressocialização
11) Fazer psicoterapia

* O livro de Elyn Saks ainda não foi traduzido para o português, mas pode ser encontrado em inglês em livrarias que vendem pela internet.