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Caro Leitor,

quero convidá-lo a acessar meu novo site leonardopalmeira.com.br. Lá você vai encontrar todo o conteúdo deste blog além de informações de utilidade pública, um manual prático para pacientes e muitas novidades.

O blog continuará no ar, porém novos artigos serão publicados somente no site oficial. Espero que gostem!

18 de fevereiro de 2010

Leiam o artigo sobre depressão pós-parto no blog da Ângela Rios

Um artigo que reúne várias informações disponíveis na internet. Eu recomendo:


http://ftangelarios.blogspot.com/2010/02/depressao-pos-parto.html

13 de fevereiro de 2010

Entrevista no Portal Consulte sobre Esquizofrenia


Leiam a primeira parte da entrevista com Dr. Leonardo Palmeira sobre "O que é, Causas e Sintomas da Esquizofrenia" no Portal Consulte em www.portalconsulte.com ou CLIQUE AQUI

11 de fevereiro de 2010

A vulnerabilidade ao estresse: onde começa e onde termina a doença mental?



Por: Dr. Leonardo Palmeira

Pouco se sabe sobre a origem dos transtornos mentais, mas já é bem estabelecido que fatores genéticos e ambientais convergem para o adoecimento. A hereditariedade é um aspecto importante, já que muitos pacientes apresentam um histórico familiar positivo para distúrbios mentais. Entretanto, é comum que os transtornos mentais na família sejam diferentes, por exemplo, um tem depressão, o outro tem Transtorno do Pânico e um terceiro é bipolar.

Estudos genéticos têm associado diversos genes a diferentes distúrbios mentais, mas têm encontrado genes comuns a mais de um transtorno. No caso da esquizofrenia e do transtorno Bipolar (TBH), onde se tem maior robustez científica, vários genes (disbindina, DISC I, COMT, neuroregulina, dentre outros) foram encontrados tanto em pacientes esquizofrênicos como bipolares.

Isto nos leva a um questionamento: seriam os genes específicos para o transtorno A ou B ou eles predisporiam a pessoa ao adoecimento qualquer que fosse a síndrome? E sendo esta segunda hipótese verdadeira, o que faria com que a pessoa desenvolvesse depressão e a outra esquizofrenia?

Isso poderia explicar também porque familiares com a mesma carga genética não adoecem, enquanto outros desenvolvem transtornos mentais graves. Ou seja, embora a genética seja importante, ela não é preponderante. Entram em jogo fatores ambientais, o temperamento e a personalidade da pessoa, que podem tanto protegê-la, como empurrá-la para uma síndrome.

É neste contexto que entra um conceito da década de 70, a vulnerabilidade da pessoa ao estresse, ou seja, sua incapacidade de resistir às pressões, traumas e desgostos da vida, aos quais todos estamos expostos. Naquela época já se dizia que o que poderia ser inato não era a doença mental, mas a vulnerabilidade pessoal de desencadeá-la. E que ter ou não a doença dependeria de inúmeras variáveis, como criação, temperamento, personalidade, posturas e hábitos de vida, traumas, etc.
Pelo conceito de vulnerabilidade, um dos princípios fundamentais para a saúde de um organismo, é manter sua homeostase, seu equilíbrio fisiológico. Se estamos com sede ou precisamos saciar nossa fome, é porque nosso organismo detectou alguma ameaça à nossa homeostase e nos alertou a prontamente agirmos para seu reequilíbrio. As células do nosso corpo também agem sob este princípio. Este seria uma espécie de pulsão vital.

Quando algo de estressante ou desagradável nos ocorre, também agimos para buscar um alívio e restabelecer as condições de felicidade. Experimentamos, nestes momentos, mesmo que seja por um breve período, uma sensação de angústia ou aflição, perdemos algumas noites de sono, ficamos sem apetite, mas logo nos recuperamos e estabelecemos o status quor.

Nessa hora entram em cena o que psiquiatras chamam de disposição e capacidade de enfrentamento. São ferramentas que utilizamos para resolver assertivamente os problemas da vida. O que ocorre em pessoas vulneráveis, é que a disposição e sua capacidade para solucionar seus problemas não são suficientes para recuperar a homeostase, seja porque o trauma ou o infortúnio da vida é muito grande, difícil de transpor, seja porque sua disposição e capacidade de enfrentamento não estão adequadas. O sofrimento psíquico, então, se prolonga e ganha contornos dramáticos, uma vez que a pessoa não vê saída.

A genética pode explicar, em parte, porque alguns são mais vulneráveis, porque uns surtam diante de um problema e outros apenas se abalam, mas conseguem se reequilibrar. Mas certamente que a genética não atua isoladamente. As influências do temperamento (também inato) e da personalidade (adquirida através da criação, das experiências emocionais no início da vida) são de suma importância. Algumas pessoas têm verdadeiro tropismo para problemas, envolvem-se em relacionamentos conturbados, têm condutas de risco, expõem-se a drogas, enfim, criam consciente ou inconscientemente uma atmosfera propícia para o estresse e se colocam em risco o tempo todo para o adoecimento psíquico. É como se colocassem em cheque toda a sua capacidade de enfrentamento, mas se esquecem que o estresse crônico mina sua própria resistência.

O tratamento psiquiátrico, através de medicamentos, procura aliviar os sintomas para aguçar a percepção e permitir que a pessoa possa recuperar suas habilidades de enfrentamento para lidar com a situação adversa. Muitos quadros psiquiátricos vêm acompanhados de alterações cognitivas, como da atenção e da memória, que dificultam à pessoa planejar sua vida e tomar decisões acertadas para reestruturá-la. Neste sentido, a manutenção dos sintomas aprisiona a pessoa em seu marasmo atual, impedindo que ela evolua e saia do quadro.

A psicoterapia é outro ponto fundamental. Medicações podem atuar a curto prazo e devolver à pessoa alguma estabilidade, mas é através da psicoterapia, compreendendo seus pontos fracos e trabalhando para aperfeiçoar suas habilidades de enfrentamento, que a pessoa reunirá condições psicológicas para um dia interromper os medicamentos e seguir sua vida.

Mas as medicações podem ser essenciais para que a psicoterapia de fato aconteça. É comum que num quadro agudo a pessoa circule em círculo, sem conseguir perceber e elaborar suas questões, impedindo, assim, a progressão do tratamento. Por isso o tratamento aliado (medicação e psicoterapia) é comprovadamente mais eficaz do que os tratamentos isolados.

Um aspecto que considero fundamental na recuperação de longo prazo é a mudança de hábitos, comportamentos e atitudes diante das situações de vida, como trabalho, relacionamento, família. Muitos pacientes perceberão, através do tratamento, erros que podem predispô-los a um novo episódio e imprimirão mudanças em seus comportamentos para evitar a repetição.

A maior parte das recaídas ocorrem por fatores sociais ou biológicos que se repetem ao longo dos anos. No caso dos fatores biológicos, a identificação é importante para determinar se aquela pessoa precisa de um tratamento preventivo, inclusive através de medicamentos. É o caso das depressões sazonais, em que a pessoa desenvolve um episódio depressivo sempre no inverno e isso independe de outros fatores sociais. É o caso de algumas apresentações de transtornos cíclicos, como o transtorno bipolar e a esquizofrenia, em que a pessoa, p.ex, tem um episódio uma ou duas vezes por ano. Quando se percebe um padrão de recorrência claro, talvez seja negócio tratar continuamente a fim de se evitar a próxima recaída.

Mas grande parte dos quadros psiquiátricos não apresenta um padrão claro de recorrência (embora possa ser recorrente) que sugira um gatilho biológico para uma nova crise. Eles recorrem muitas vezes por repetição ou manutenção de fatores psicossociais geradores de estresse. A esquizofrenia, doença mental mais consolidada pelas pesquisas científicas, sofre fortes influências do meio em que a pessoa vive. Tem sido comprovado que o estresse proveniente da convivência familiar pode determinar se um paciente terá mais ou menos crises psicóticas. Esquizofrênicos com famílias compreensivas e colaborativas com o tratamento e a reabilitação tem até 70% menos recaídas e hospitalizações do que aqueles que possuem famílias críticas ou hostis. O mesmo pode ser aplicado a pacientes com outros transtornos, como TBH, TOC, Borderline, entre outros.

Então, um dos enfoques do tratamento é mudar os fatores do ambiente sócio-familiar que estão interferindo no processo de adoecimento. Ambientes como trabalho, círculos sociais, amizades prejudiciais seguem o mesmo raciocínio. Sempre que houver uma sobrecarga emocional ou estresse, pode ocorrer um desequilíbrio da homeostase, aumentando a vulnerabilidade da pessoa a um novo episódio da doença.

E porque muitas pessoas tomam remédios a vida toda? Primeiro é preciso separar aquelas que precisarão da medicação por apresentarem doença mais grave, crônica ou recorrente, sendo a medicação um fator preventivo de suma importância. Mas mudar comportamentos, hábitos, estilos de vida não é simples e muitos relutam e, por isso, agarram-se às medicações. É como emagrecer. A maioria quer tratamentos de resultados rápidos, como medicamentos, cirurgias, em detrimento de dietas demoradas e atividades físicas. Porém, qual resultado durará mais tempo? Emagrecimentos rápidos estão relacionados a ganho posterior de peso, enquanto àqueles com mudança real dos hábitos alimentares e do estilo de vida mantém-se magros para a vida toda. Vinte anos após o surgimento da cirurgia bariátrica (para redução de peso) já assistimos a pacientes operados que recuperaram seu peso antes da cirurgia.

Em suma, a transformação pessoal para uma vida mais feliz e sem episódios psiquiátricos precisa partir de dentro para fora, com a ajuda de medicamentos e psicoterapia, mas não pode se furtar de mudar o meio em que a pessoa vive. A cura está na capacidade de reduzir a sua vulnerabilidade e de aumentar sua capacidade de enfrentamento às situações da vida.

Para entender mais sobre a biologia dos transtornos mentais CLIQUE AQUI

10 de fevereiro de 2010

Ômega 3 previne doenças mentais, inclusive esquizofrenia



Pesquisa diz que a gordura ômega 3 de espécies como o salmão previne psicoses


Um novo estudo mostra que consumir cápsulas de óleo de peixes de água fria, como salmão, atum e sardinha, ricos em ácidos graxos ômega 3, ajudaria a prevenir problemas mentais. Em artigo publicado na revista especializada “Arquivos de Psiquiatria Geral”, os autores afirmam que o uso desses suplementos por três meses parece ser tão eficaz quanto remédios. Este tipo de gordura reduziu em 25% o índice de doenças psicóticas, incluindo esquizofrenia.

Os cientistas realizaram a experiência com 81 indivíduos, de 13 a 25 anos, com um alto risco para transtornos psicóticos. Eles já apresentavam sintomas moderados de psicoses ou tinham história familiar de transtornos mentais, como esquizofrenia. Metade tomou suplementos de óleo de peixe (1,2g de ácidos graxos ômega 3) durante 12 semanas.

A outra parte recebeu apenas placebo (substância inócua). Os grupos foram acompanhados por um ano pela equipe de Paul Amminger, principal autor do estudo.

Embora o número de participantes não seja muito alto, o resultado foi significativo.

No grupo que ingeriu suplementos, dois manifestaram transtorno psicótico. No grupo placebo, este número chegou a 11. Para os autores, o ômega 3 interfere de forma positiva, restaurando os neurônios no cérebro, e a descoberta oferece esperança de ter opções além de fármacos, que causam efeitos adversos importantes, como aumento de peso e disfunção sexual.

Estudo brasileiro tem resultado semelhante No início deste mês, um estudo com ratos, no laboratório da Disciplina de Neurologia Experimental da Unifesp, revelou que o ômega 3 é capaz de regenerar neurônios, o que pode abrir caminho para o desenvolvimento de drogas para regenerar o cérebro de pessoas com epilepsia e alguns tipos de demência. Os resultados são promissores, mas precisam ser confirmados.

Fonte: O Globo (03/02/10)

2 de fevereiro de 2010

O estresse posto à mesa: pessoas estressadas comem mais.



Leiam o artigo publicado no site sobre saúde e bem estar Vya Estelar, que aborda muito bem como o estresse pode estar associado à obesidade e compulsão alimentar.

Pessoas expostas ao estresse comem mais

Dentre as queixas mais comuns entre os pacientes que procuram tratamento médico e nutricional para a obesidade, cerca de 80% relacionam seu ganho de peso ao estresse. “Na verdade, algumas características da vida moderna podem estar intimamente relacionadas a um balanço energético positivo, levando ao ganho de peso.

Dentre elas, podemos citar alimentação inadequada, sedentarismo e mais recentemente, o estresse”, diz a endocrinologista Ellen Simone Paiva.

Os fatores estressores da sociedade moderna são frutos da rotina puxada das empresas, das relações familiares e sociais, além de fatores intrínsecos, como a privação de sono, por exemplo. Geralmente, o corpo humano responde ao estresse através de adaptações físicas ou comportamentais, aumentando o estado de alerta diante de novas situações, a tolerância à dor e a produção e liberação de substratos energéticos dos estoques corporais, principalmente sob a forma de glicose e gordura. “Esses substratos em excesso são conhecidos por causarem alterações metabólicas ligadas à obesidade e ao diabetes. Será esta a relação possível? Ou seja, será esse o elo que liga a obesidade ao estresse da vida moderna?”, questiona a médica.

A reação normal e a patológica ao estresse

Até certo ponto o estresse pode ser benéfico e conduzir o indivíduo a alcançar metas importantes no trabalho e na vida pessoal. A curto prazo, na maioria das vezes, o organismo se reequilibra, sem comprometimento da saúde física e mental. A reação normal esperada a um fator estressor pode se manifestar com enfretamento ou fuga. “Algumas vezes, a resposta não atende a nenhuma dessas condições e o indivíduo não consegue nem se engajar na luta, nem na fuga do agente estressor, sofrendo as consequências do estresse de maneira a gerar um estado de fragilidade a várias doenças, principalmente quando ele é intenso e prolongado”, afirma.

Exposição ao estresse e compulsão alimentar

O hábito de comer talvez seja um dos fatores que mais sofre as repercussões do estresse da vida moderna. “Os relatos são unânimes: as pessoas comem muito mais quando expostas a fatores estressores, podendo ocorrer queixas de fome excessiva, comportamento beliscador e até uma necessidade patológica de consumir grandes volumes de alimentos: a compulsão alimentar”, destaca a endocrinologista.

Um fato intrigante, relata Ellen Paiva, são os relatos de alguns pacientes, que não encontram explicação para o volume alimentar consumido e afirmam categoricamente que mesmo comendo pouco, ganham peso. Esse fato tem levantado a questão do papel do estresse na origem da obesidade, independentemente da alimentação.

Efeitos da privação do sono

Nos últimos 30 anos, a média de sono noturno das pessoas sofreu uma redução de 8/9 horas para 6/7 horas. Entre os americanos, a média de sono é ainda menor, uma vez que 30% deles dormem menos do que 6 horas por noite. Vários estudos recentes têm relacionado a privação do sono com a ocorrência aumentada de obesidade e de diabetes tipo 2. “A privação do sono pode estar relacionada à obesidade através de vários fatores. O primeiro deles trata-se de um estado de estresse crônico. Além disso, várias alterações hormonais induzidas pela privação de sono podem influenciar o ganho de peso, como é o caso da grelina e leptina, hormônios relacionados ao controle da fome e da saciedade”, diz.

Hormônios do estresse e o ganho de peso

Um fator importante na busca pelas causas da obesidade foi a constatação de que nos quadros de estresse, notamos um aumento de alguns hormônios relacionados à obesidade. Tratam-se dos corticoides, ou a conhecida cortisona, que tem a capacidade de aumentar o peso de pacientes, quanto utilizada sob a forma de medicamento, e até quando produzida em excesso pelo organismo, em algumas doenças. “Será que o estressado crônico poderia engordar pelo excesso de corticoide, mesmo sem comer muito?”, questiona a médica.

“Nossas dúvidas não estão sanadas a esse respeito, uma vez que muitos indivíduos estressados e com elevação da cortisona não engordam e, por outro lado, muitos obesos estressados não expressam aumento do seu corticoide endógeno. Por isso, muito provavelmente, a diferença entre esses pacientes é o volume de alimentos ingeridos”, afirma Ellen Paiva.

A conclusão é que o estresse pode sim ser um fator favorecedor da obesidade, principalmente pelo aumento da resistência insulínica, pelas alterações dos hormônios relacionados à fome e à saciedade, pela privação do sono e até mesmo pelo excesso de corticoide. “Mas o maior fator associado ao ganho de peso é comportamental. O que engorda é o balanço energético desfavorável: a associação da ingestão excessiva de calorias somada ao sedentarismo”, conclui a endocrinologista.

Fonte: Vya Estelar