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21 de junho de 2010

Short-cuts: metade dos doentes bipolares sofre de hipertensão

Metade das pessoas que sofrem de doença bipolar é hipertensa, concluiu um estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

O estudo adianta ainda que quanto mais novos forem os indivíduos que sofrem da doença mental mais probabilidades têm de desenvolver hipertensão.

Para este estudo foram analisados pacientes internados que ajudaram a entender que a doença bipolar não está apenas relacionada com problemas cardiovasculares e diabetes como se pensava anteriormente.

“Há uma forte relevância clínica para a descoberta de que a hipertensão pode estar relacionada com a gravidade da doença bipolar”, garantiu Dale D’Mello, o psiquiatra que coordenou a investigação.

D’Mello explicou ainda que “há uma certa semelhança nas duas condições: ambas podem ser desencadeadas por stress e estão vinculadas à excreção de noradrenalina, uma hormona que afecta a forma como o cérebro reage ao stress” e influencia o humor, a ansiedade, o sono e a alimentação.

Diagnóstico e tratamento

O coordenador da investigação acredita que estes resultados mostram que se deve prestar mais atenção à questão da hipertensão arterial em pacientes bipolares.

“Há também indicações de que a hipertensão pode conduzir a lesões cerebrais. Diagnosticar o problema e tratá-lo precocemente permite alterar os resultados médicos em pessoas que lutam contra a doença bipolar”, explica D’Mello.

Este estudo pode ajudar a desenvolver tratamentos mais eficazes como por exemplo, substituir substâncias como o lítio no tratamento de doentes bipolares e obesos que não respondem bem às terapias mais comuns.

Iniciativas que priorizam o trabalho na recuperação da esquizofrenia


O trabalho é um dos pilares na recuperação da esquizofrenia e um dos objetivos mais almejados por terapeutas, familiares e pacientes. Por isso ele foi tema de diferentes mesas redondas nesta Segunda Conferência Internacional da Sociedade de Pesquisa em Esquizofrenia, em Florença, Itália, realizada em maio de 2010.

Um consenso entre os especialistas é que o trabalho deve ser pensado caso a caso, ou seja, existem pacientes que podem retornar ou ingressar no mercado de trabalho, mas para outros isto pode significar maior instabilidade e risco de recaídas. Outro ponto fundamental é a vontade e a capacidade do próprio paciente. Se voltar a trabalhar é factível e um desejo, isto precisa ser considerado como uma das prioridades do tratamento e o paciente deve ser preparado para retornar tão logo tenha condições clínicas para isso. Não é necessário, contudo, que ele esteja totalmente recuperado ou livre de sintomas. Seu estado deve permitir que ele possa assumir suas responsabilidades, ainda que com algum grau de dificuldade, mas que o trabalho seja mais uma forma dele se recuperar da doença.

Incluir o trabalho no hall de terapias psicossociais parece, então, fundamental para que este objetivo seja finalmente alcançado. Dr. Keith Nuchterlein, da Universidade da Califórnia, enfatizou o programa conhecido por IPS (Individual Placement and Support), ou Suporte e Colocação Individual. Por ele, o paciente recebe treinamento e suporte contínuo, enquanto trabalha, através de um treinador de trabalho (job coach). Este profissional é capaz de orientá-lo e ajudá-lo nas necessidades que surgirem, avaliando junto à equipe médica cada etapa. Apesar do treinamento prévio, 60% do tempo do programa é com o paciente na comunidade e enfrentando os desafios do dia-a-dia. Entre os especialistas existe, inclusive, a percepção de que uma etapa de treinamento muito longa e exaustiva prejudica o retorno.

“Antes do retorno é preciso investigar os estressores e a relação do paciente no ambiente de trabalho. O treinamento ajuda a reforçar os pontos fracos e a preparar o paciente para os conflitos identificados pelo treinador”, afirma Dr. Keith. Este programa recebeu 74% de aprovação entre os pacientes, 86% retornaram ao trabalho dentro de um prazo de seis meses e 90% permanecem trabalhando 18 meses depois. A eficácia é quase duas vezes superior ao grupo que voltou a trabalhar sem participar do programa. “Isto mostra a necessidade de metodologias voltadas para a reinserção no mercado de trabalho e isto precisa ser incorporado no arsenal terapêutico da esquizofrenia se quisermos recuperar melhor nossos pacientes para uma vida mais produtiva”, conclui.

Dr. Barnaby Major, da Universidade de Londres, reforça que o objetivo final não é o trabalho em si, mas a qualidade de vida e a auto-estima dos pacientes, e que o melhor momento de voltar ao trabalho deve ser decidido por eles. “Eles participam de grupos de psicoeducação e de treinamento para o trabalho até sentirem-se preparados e aptos”. O programa de volta ao trabalho inclui pacientes que participam de programas de intervenção precoce, ou seja, aqueles que tiveram um único surto ou que apresentam sintomas da esquizofrenia, mas ainda não surtaram. “Quanto mais cedo nos preocuparmos com a reabilitação vocacional, maiores serão as taxas de retorno ao trabalho e menores os índices de cronificação, pois o trabalho contribui para o sentimento de valor e inserção social, elevando a auto-estima, reduzindo o estigma e ampliando o sentido de recuperação”, conclui.

Dr. Eion Killackey, da Universidade de Melbourne, enfatizou que programas de intervenção precoce e trabalho em saúde mental devem ser uma prioridade de governo e citou o plano de estratégias em Saúde Mental traçado pelo Governo Australiano até 2019. O Victorian Mental Health Reform Strategy 2009-2019 foi desenvolvido por consumidores, profissionais e autoridades do sistema de saúde australiano e reúne os compromissos para ampliar a participação das pessoas portadoras de doenças mentais graves na comunidade na próxima década. Projeto semelhante e conhecido por RAISE (Recovery After na Initial Schizophrenia Episode) foi desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA e preocupa-se em melhorar a participação social e a recuperação dos pacientes portadores de esquizofrenia.