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26 de novembro de 2009

Short-cuts: maconha afeta fertilidade masculina


Vejam a matéria que foi publicada na Folha de São Paulo no último dia 19. Mais uma evidência de que a maconha não é uma droga tão inócua como muitos pregam por aí. Já discutimos aqui no blog o papel que a maconha tem na psicose, em particular na esquizofrenia. Este estudo da USP mostra outra consequência danosa à saúde, mesmo para aqueles que usam a droga de forma recreativa. Leiam!


Folha de S Paulo
19/11/2009

A maconha altera a produção de espermatozoides e tem impacto na fertilidade do homem, aponta uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) que ainda está em andamento. Os dados preliminares, baseados na análise de 32 homens, foram divulgados durante o Congresso Brasileiro de Urologia, que aconteceu na semana passada em Goiânia.

Segundo o urologista Jorge Hallak, coordenador da Unidade de Toxicologia Reprodutiva e de Andrologia da USP, com o consumo de maconha os espermatozoides mudam de formato e perdem a mobilidade, dificultando a fecundação.

"Basta consumir a droga uma vez por semana para ocorrer a alteração dos gametas", alerta o médico, que acompanha um grupo de usuários de maconha há sete anos.

Uma linha de pesquisa parecida tem sido desenvolvida pela Universidade Queen, de Belfast, na Irlanda do Norte. Os pesquisadores examinaram o efeito da THC -a substância ativa da maconha- no esperma e verificaram que, além de dificultar a chegada do sêmen ao óvulo, a maconha prejudica outras funções do esperma, como a habilidade de romper a camada protetora do óvulo.

Hallak também desenvolve pesquisas sobre o impacto da poluição na produção de espermatozoides, principalmente nos do cromossomo Y. Ele afirma que homens que trabalham nas ruas e inalam muita poluição têm uma maior concentração de radicais livres de oxigênio no sangue, o que também prejudica a fabricação de espermatozoides de qualidade.

De acordo com o médico, é possível amenizar os efeitos da maconha e da poluição nos espermatozoides com antioxidantes. "Vitaminas como a E e a C podem melhorar a qualidade do espermatozoide. Mas o tratamento dura em média sete meses", afirma.

1 de novembro de 2009

Internação involuntária no Brasil: proibida quando necessária?



Neste último mês assistimos a notícias e debates na mídia sobre a internação involuntária de pacientes psiquiátricos. O caso mais recente, do rapaz viciado em crack que estrangulou a namorada, ficou nacionalmente conhecido depois que o pai do garoto afirmou em entrevistas que tentou diversas vezes interná-lo, mas que as clínicas alegavam impedimento, porque a internação involuntária seria proibida por lei.


A internação involuntária, contra a vontade do paciente, é comum na psiquiatria quando o paciente não possui consciência de sua doença ou do estado de gravidade, mas precisa ser hospitalizado para sua proteção e tratamento. Esta realidade atinge não só dependentes químicos, como também portadores de doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar.


As famílias procuram emergências psiquiátricas ou hospitais gerais sem saber como lidar com o problema e não raro encontram barreiras para uma internação quando o paciente se recusa a ficar. O que muitos desconhecem é que a lei nº 10.216, de 06 de abril de 2001 (Leia a íntegra da lei), prevê três tipos de internação, dentre elas a involuntária:


Internação voluntária – quando o paciente concorda em ficar internado, devendo assinar um termo de consentimento no ato da admissão.


Internação involuntária – quando uma terceira pessoa solicita a internação à revelia do paciente, devendo o Ministério Público ser comunicado pelo hospital no prazo de 72 horas.


Internação compulsória – contra a vontade do paciente e por determinação da Justiça.


A internação psiquiátrica voluntária ou involuntária só pode ser determinada pelo médico devidamente habilitado e registrado no CRM. O médico avaliará, dentre outras coisas, se o estado mental do paciente oferece risco a si próprio ou a terceiros, a principal prerrogativa para uma internação involuntária. Um dos problemas é que a avaliação do risco é subjetiva e depende do julgamento do profissional, que muitas vezes colide com a opinião da família. Podemos especificar três tipos de risco:


Risco iminente à vida – casos em que o paciente é violento contra si próprio (auto-agressão, suicídio, overdose de drogas) ou contra terceiros, quando não aceita se alimentar ou ingerir líquidos ou quando ameaça o lar (atear fogo na casa, destruir móveis, p.ex.).


Risco social – quando o paciente se expõe a situações que levam a riscos potenciais à vida ou à integridade por falta de autocrítica ou de controle do comportamento, como fugas repetidas de casa, frequentar locais violentos, envolver-se com marginais ou traficantes, promiscuidade, brigas ou discussões na rua, etc.


Risco à saúde – quando protelar o tratamento traz consequências negativas para a saúde mental e física do paciente. Todos os pacientes em crise se enquadram neste tipo de risco, pois o prolongamento de sintomas agudos de qualquer doença mental pode prejudicar a recuperação posterior do paciente, trazer complicações médicas e interferir com o funcionamento social e familiar.


O que vemos acontecer na prática é que o SUS não tem condições de absorver a demanda de internações nos três níveis de risco e acaba atendendo somente os casos mais graves, ainda assim com falhas. Muitas famílias precisam recorrer à Justiça para terem assegurado o direito à internação de seu familiar, tornando-a compulsória.


Por outro lado, os dispositivos criados pelo poder público para serem alternativos aos hospitais psiquiátricos, como os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), não oferecem estrutura para lidar com toda a complexidade da crise. Como são serviços abertos e facultativos, dependem da aceitação do paciente. Como fazer com que um paciente, que recusa terminantemente o tratamento, frequente o CAPS?


As famílias sentem-se abandonadas nesses momentos, pois não têm o preparo adequado para lidar com o paciente em crise e não encontram orientação, apoio e tratamento nos serviços especializados. A reforma psiquiátrica trouxe avanços, porém o fechamento de leitos em asilos e manicômios sem a criação de novos leitos em hospitais gerais e psiquiátricos habilitados expõe a vida de pacientes em crise e de sua família e reverbera em falsos mitos como este: de que não é permitido internar alguém contra vontade.


E você, o que pensa a respeito? Participe, deixe aqui seu comentário!