VISITE MEU NOVO SITE!

Caro Leitor,

quero convidá-lo a acessar meu novo site leonardopalmeira.com.br. Lá você vai encontrar todo o conteúdo deste blog além de informações de utilidade pública, um manual prático para pacientes e muitas novidades.

O blog continuará no ar, porém novos artigos serão publicados somente no site oficial. Espero que gostem!

23 de dezembro de 2010

Feliz Natal e um Próspero 2011!!!


A todos os leitores deste blog, a meus pacientes e a seus familiares,

Desejo um Natal de muita paz e alegria em um 2011 de muita saúde, prosperidade e conquistas.


Desejo um mundo de mais igualdade e de oportunidades para todos, menos violência, menos egoísmo, mais amor e fraternidade.

Olhemos para o outro como queremos ser olhados!

Um grande abraço, Dr Leonardo Palmeira.

15 de dezembro de 2010

Mensagem de fim de ano do Portal Entendendo a Esquizofrenia

Neste final de ano queremos transmitir uma mensagem de otimismo e esperança para 2011, acreditando num mundo com menos preconceito e mais respeito e oportunidades para aqueles que sofrem de um transtorno mental.

Sabemos que para alcançarmos esta meta precisamos unir a sociedade em torno de um sentimento positivo de que é possível sim derrubar os muros do preconceito e do estigma. Cada um pode fazer a sua parte, dedicando alguns poucos minutos de seu dia à divulgação da idéia de que podemos mudar a forma como encaramos a doença mental, seja através de e-mail ou conversas com amigos na escola, no trabalho, no seu condomínio ou comunidade, em clubes e igrejas.

Foi com esta iniciativa que o Reino Unido criou um movimento social contra a discriminação dos portadores de transtorno mental chamado “Time to Change” (Tempo de mudar), que conta com a mobilização de órgãos governamentais, empresas e um exército de voluntários dispostos a acabar com o preconceito. É o maior programa anti-estigma do país e vale à pena visitar o site da campanha http://www.time-to-change.org.uk/

O Portal Entendendo a Esquizofrenia apresenta a seguir alguns vídeos legendados da campanha inglesa e que transmitem esta mensagem de otimismo. Você pode ajudar divulgando esta idéia aos seus amigos e contatos e quem sabe conseguimos mobilizar as instituições em nosso país para uma campanha nacional contra o estigma da doença mental!

Schizo, o filme



Não me leve a mal



Como as pessoas podem ajudar amigos ou familiares com doença mental?



O site da campanha também colocou no ar dicas para um Natal alegre e saudável:

1) Sua presença é o maior presente! Só estando lá para ouvir e falar, e também visitar as pessoas que podem estar sozinhas durante o período festivo, pode fazer uma grande diferença para alguém neste Natal. Você não precisa ser um especialista em saúde mental para apoiar um amigo ou um membro da sua família que esteja mais vulnerável.

2) Se você sente que precisa de apoio, reserve um tempo para conversar com amigos ou familiares sobre suas preocupações ou dúvidas. Falar pode ajudar a buscar o foco e colocar as coisas em perspectiva.

3) Tire um tempo para si mesmo se você estiver estressado ou chateado. Dê uma caminhada, ouça uma boa música ou pegue um livro para uma leitura rápida.

4) Coma bem, beba com moderação e encontre formas divertidas de ficar ativo. Cuidar da sua saúde física durante o Natal pode ser um bom caminho para proteger a sua saúde mental também.

5) Tenha uma boa noite de sono. A emoção e o estresse do Natal mais ir até tarde da noite para estar reunido com seus entes queridos pode afetar padrões de sono. O importante é estar bem descansado para que você possa se sentir bem.

6) Lembre-se de relaxar. Compense as responsabilidades e o trabalho com as atividades de recreação e lazer, e se dê um tempo livre quando sentir que precisa. Os exercícios de respiração, meditação ou yoga são perfeitos para ajudar a relaxar.

7) Tente não fazer tudo sozinho. Pedir aos outros que compartilhem as tarefas com você, como cozinhar, limpar, decorar ou embrulhar os presentes, é importante para garantir que você não se sinta estressado ou sob pressão.

8) Lembre-se da arte de dar. Natal não é só receber presentes, é sobre o espírito de dar também. Por que não alegrar o dia de alguém oferecendo seus serviços para uma instituição de caridade que fornece refeições de Natal ou visitar um vizinho idoso ou parente que pode estar vulnerável neste momento. Fazer algo generoso pelos outros pode fazer você se sentir bem consigo mesmo.

9) Não coloque pressão sobre si mesmo para que tenha um grande momento. A expectativa de que todos devem ser felizes e se divertir no Natal pode deixar você pra baixo e esvaziado, portanto, se tranquilize de que não se sentir alegre é completamente normal e muitas pessoas se sentem da mesma maneira.

10) O Natal não tem que ser perfeito. Alguns dos melhores momentos da vida são quando as coisas dão errado e você se vê no desafio de fazer as coisas acontecerem à medida que o tempo avança.

Tenha um Natal alegre e divertido e um 2011 de muita saúde, conquistas e avanços pessoais.

São os sinceros votos da nossa equipe!

Portal Entendendo a Esquizofrenia

13 de dezembro de 2010

Homens que dormem menos de seis horas por dia têm quatro vezes mais chances de morrer, diz pesquisa.

Manter um ritmo regular de sono e fazer atividades físicas ajudam a dormir melhor.

Um estudo publicado na edição de setembro da revista científica Sleep revelou que os homens que dormem por poucas horas diariamente podem morrer mais cedo. Os cientistas descobriram que aqueles que sofrem de insônia crônica e descansam menos de seis horas por dia têm um risco quatro vezes maior de morrer do que aqueles que não enfrentam esses problemas.

Foi a primeira que uma pesquisa demonstrou a relação entre o sono e a mortalidade. Antes, os cientistas já sabiam que a insônia crônica associada a noites mal dormidas poderia provocar problemas neurológicos, além de aumentar o risco de diabetes tipo 2 e de pressão alta. Nesses pacientes, o risco de mortalidade é ainda maior.

O alerta dos pesquisadores, no entanto, não se restringe apenas a quem sofre de insônia crônica - doença que se caracteriza por dormir menos de seis horas durante longo período de tempo. Segundo a médica Dalva Poyares, do Instituto do Sono e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), quem enfrenta problemas constantes para dormir também precisa ficar atento.

- [Segundo a pesquisa], a maior mortalidade afeta quem tem insônia e, além disso, tem uma diminuição do sono de maneira objetiva. Mas quem dorme pouco durante muito tempo também está sujeito.

De acordo com a psiquiatra Ana Paula Megale Hecksher, especialista em sono, dormir é importante porque ele mantém o organismo regulado e ajuda no sistema de defesa do corpo.

- O cérebro funciona muito durante o sono, quando são liberadas substancias responsáveis por manter sistema imunológico (proteção) ativo. Pela noite, o sistema de defesa é reorganizado. O indivíduo que não dorme bem tem esse sistema mais fragilizado, ficando mais sujeito a doenças.

Ana Paula afirma ainda que uma noite mal dormida faz a pressão cardíaca ficar desregulada. Além disso, hormônios como adrenalina e cortisol ficam em níveis mais altos. Essas substâncias estão envolvidas com o estresse e influenciam na pressão arterial do organismo.

Segundo a psiquiatra, a privação de sono afeta também a memória e a atenção do indivíduo, deixando a pessoa mais suscetível a acidentes no trabalho, no trânsito, em casa, dentre outros.

- É um problema de saúde pública. Mas agora estamos tendo mais espaço para discutir.

Diagnóstico precoce e tratamento adequado

Segundo Dalva, as pessoas que precisam ficar mais atentas, porque são as mais sujeitas a sofrer com insônia, são aquelas que vivem preocupadas, que têm uma atividade mental intensa, que trabalham muito e as que não têm um ritmo regular de sono.

De acordo com um dos autores do estudo americano, Alexandro N. Vgontzas, professor de psiquiatria do Centro Médico de Medicina de Hershey, nos EUA, os resultado deve servir como alerta a população e a classe médica para os perigos do sono.

- Esses resultados vão aumentar a consciência de médicos e cientistas para que a insônia seja diagnosticada precocemente e tratada adequadamente.

O estudo acompanhou por dez anos mil mulheres com idade média de 47 anos, e, por um período de 14 anos, um total de 741 homens com idade média de 50 anos.

Diferente dos homens, os cientistas não encontraram a mesma relação entre mortalidade e insônia crônica nas mulheres. Eles não souberam explicar o porquê, mas imaginam que o menor de acompanhamento pode ter influenciado no resultado.
Fonte: R7.com

http://noticias.r7.com/saude/noticias/homens-que-dormem-menos-de-seis-horas-por-dia-tem-quatro-vezes-mais-chances-de-morrer-20100905.html

6 de dezembro de 2010

Internet e Saúde: "Nós vamos ficar cada vez mais distraídos!"

Muito boa a entrevista de Nicholas Carr ao Jornal O Globo de hoje. É preciso que estejamos atentos aos malefícios da internet, mesmo diante dos seus indiscutíveis benefícios, particularmente para crianças e adolescentes, que ainda passam por amadurecimento de suas funções psíquicas.


Concordo plenamente quando ele alerta para os riscos que a apresentação do conteúdo na internet traz para a atenção e nossa capacidade de manter o foco. Nem todos conseguem filtrar o conteúdo e manter o foco nele apesar dos estímulos visuais cada vez mais chamativos. Quando este ambiente passa a tirar o tempo dos livros e de outros meios que requerem maior treinamento atentivo e, portanto, cognitivo, é para nos preocuparmos. Este pode ser um grande tiro pela culatra dos que pensam que a internet é a grande ferramenta para a educação de nossos jovens. Acho que convivemos ainda há pouco tempo com ela para termos esta certeza.


Escritor, ex-editor-executivo da revista "Harvard Business Review" e professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Nicholas Carr adora colecionar polêmicas. Em dois livros - "The Big Switch: Rewiring the World, from Edison to Google" e "IT doesn't Matter" - ele chama a atenção para a inutilidade das equipes de Tecnologia da Informação (TI) nas empresas e defende a tese da computação em nuvem, na qual as empresas não mais serão donas de softwares e bancos de dados - administrados por equipes de TI - e tudo ficará hospedado no ciberespaço.

Em um artigo publicado em 2008 na revista "The Atlantic", ele perguntava se o Google estava nos tornando estúpidos. Recebeu uma saraivada de críticas em seu blog, "Rough Type". Afinal, ele insinuava que as distrações multimídias da internet serviam a tudo, menos ao conhecimento, porque limitavam seriamente nossa capacidade de atenção e foco (e, consquentemente, de aprendizado).

Semana passada, Carr esteve no Brasil para o Info Summit 2010. Em pauta, o seu novo livro - "The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains" (algo como "Os superficiais, o que a internet tem feito com nossos cérebros"), em que desenvolve o artigo da "Atlantic" e defende a tese de que a internet pode, sim, emburrecer e dificultar o aprendizado, logo ela que chegou a ser considerada a revolução na área educacional. Após o evento, escritor falou com exclusividade ao GLOBO.

No livro "Where good ideas come from" ("De onde vêm as boas ideias"), o escritor Steven Johnson afirma que o ambiente caótico da internet e suas conexões são fundamentais para a inovação e ainda ajudam as pessoas a serem mais criativas. Em seu novo livro, "The Shallows" ("Os superficiais"), o senhor afirma que a internet e o excesso de informações sem profundidade que ela despeja nas pessoas estão encolhendo nossa capacidade de pensar. Quem está correto, afinal?

NICHOLAS CARR: É totalmente verdade que a internet permite ter a acesso a informações tão ampla e rapidamente que o compartilhamento, a pesquisa e a colaboração ficam mais fáceis. Mas o que pessoas como Steven Johnson podem estar desconsiderando é que estas tecnologias nos fazem pensar de maneira diferente, nem sempre positiva. Ou seja: o que vemos com a internet e as tecnologias digitais em geral é que toda a ênfase está no ritmo rápido de troca de informação e na capacidade de achar toneladas de conteúdo. Os aspectos básicos da tecnologia são esses: links, mecanismos de buscas, alertas, interrupções, multitarefas, multifuncionamento. Este sistema não nos encoraja nem nos dá oportunidade para fazer coisas que necessitam de atenção mais profunda.

Por exemplo...

CARR: As coisas que, no passado, sempre foram consideradas essenciais para uma vida intelectual rica, como contemplação, reflexão e introspecção. Se você é constantemente interrompido, você nunca consegue exercitar estas formas de pensamento mais atentas e focadas. Uma das coisas que sabemos sobre a mente é que a habilidade para prestar atenção, pensar profundamente sobre algo, focar e concentrar-se de fato ativam muitos dos nossos processos cognitivos, como pensamento crítico, memória, lógica, pensamento conceitual e algumas formas de criatividade. Meu medo é que estamos perdendo nossa capacidade e habilidade para esse tipo de pensamento. Seres humanos adoram obter novas informações, e há uma espécie de obsessão de estar no topo do conhecimento de tudo, mas isso nos empurra a uma forma de pensamento mais primitiva na qual estamos constantemente mudando o nosso foco.
A ideia é que a maioria das pessoas, obcecadas em obter informações, acaba ouvindo falar um pouco de tudo, mas nada profundamente. E a maioria, fora de contexto, é isso?

CARR: Exato. E é por isso que os chamo de superficiais: você circula com muita rapidez, obtém informações rapidamente, mas nunca vai fundo em nada.

Quais são as evidências de que a forma como obtemos informação pelas mídias digitais impede a compreensão e o aprendizado?

CARR: Há muitos estudos sobre vários aspectos da rede, como os que comparam hipertexto a texto. Há 30 anos, quando os textos na internet começaram a usar os hipertextos, acreditava-se que estes pedaços de informação de acesso rápido complementariam o entendimento do que estava sendo dito e ajudariam a ampliar a compreensão geral. Mas o que os estudos começaram a mostrar é que a compreensão e interpretação do texto estavam mais fracas com os hipertextos comparadas com o texto linear tradicional. E parece estar relacionado com a qualidade dispersiva do link. Mais que isso. Só na percepção, durante a leitura, de que há ali um link, o seu cérebro começa a se perguntar se vale a pena ir até o hipertexto e se aquela informação fará ou não falta na leitura. Aquilo quebra o ritmo de leitura e acaba afetando a compreensão do texto. E isso só reforça a tese de que, quanto mais você está focado, maior a compreensão e o aprendizado.

Mas os educadores acham que uma das ferramentas mais preciosas para o aprendizado são os recursos multimídia...

CARR: Os estudos não mostram isso. Multimídia requer que a pessoa mude o tempo todo o seu foco. E o fato é que, se você está o tempo todo mudando o seu foco, a sua habilidade de aprender se reduz. O que não significa que multimídia seja sempre ruim, se ela for preparada com fins específicos. Mas o problema com a internet é que ela não é desenhada por experts em educação, e você tem constantes mudanças de foco. Se você olha para o modelo básico de webdesign de mídias sociais, como Facebook, percebe que ele não é feito com a ideia de otimizar a compreensão e o entendimento. É feito com a ideia de manter a visão grudada na tela em focos de conteúdos constantemente variados e atualizados.

Ou seja, é uma tecnologia que encoraja a dispersão. E o que deixaria a rede ser menos dispersiva?

CARR: A internet é uma ferramenta multimídia tão poderosa que ela encoraja as pessoas, seja produtores ou consumidores de conteúdo, a ter e fazer mais e mais sem o necessário questionamento sobre qualidade, interesse e utilidade do que está ali. Você pode imaginar a internet desenvolvida de uma forma diferente, onde são filtrados todos os componentes dispersivos da maneira que um bom livro. Certas plataformas caminham para isso. O iPad, por exemplo, é um tipo mais comum de apresentação de informações até porque suas habilidades multimídias não são tão fortes. Há alguns indicativos de que talvez as pessoas queiram mais foco. Mas a tendência geral continua em direção a mais e mais dispersão.

E a tendência não teria volta...

CARR: Exato. O que a gente sabe de empresas que produzem novos aparelhos eletrônicos é que elas competem entre si adicionando novas funções. Mesmo o Kindle, que começou como um leitor de livros, já permite algum tipo serviço de rede. O iPad já evolui para um sistema de multitarefa. Meu medo é que mesmo estes produtos que incentivam a atenção continuem a se desenvolver na direção de ter mais funções. E a realidade crua é: nós vamos adicionar distração e dispersão mais e mais.
Fonte: O Globo
http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2010/12/06/escritor-americano-critica-superficialidade-da-internet-alerta-para-perda-de-foco-923196705.asp

Suicídio: Tragédia Silenciosa

Muito interessante a reportagem publicada hoje na Folha de São Paulo sobre Suicídio. Os números impressionam da mesma forma como o silêncio da mídia e da sociedade em não abordar um tema de tanta relevância. Parabéns à Folha!



Estima-se que o número de tentativas de suicídio supere o de mortes em pelo menos dez vezes; é possível evitar uma parcela desses óbitos.

Diariamente, 25 pessoas põem fim a suas vidas no Brasil. Foram 9.090 suicídios oficialmente registrados em 2008. Para cada óbito, no mínimo cinco ou seis pessoas próximas ao falecido foram profundamente afetadas. O impacto do suicídio na vida das pessoas e da nação é silenciado pela sociedade.

Nos meios de comunicação há orientação, discutível quando adotada em termos absolutos, de não se noticiar suicídio. Silencioso, ele resta à margem das tragédias nacionais. Mas é possível evitar uma parcela dessas mortes.

Numa escala mundial, nosso coeficiente de mortalidade por suicídio é relativamente baixo: 5,4 mortes em cada 100 mil habitantes, ao longo de um ano. Esse índice cresceu 30% nos últimos 25 anos.

O coeficiente é uma média nacional e esconde importantes contrastes. Em algumas cidades, os índices equiparam-se aos de países do Leste Europeu. Ademais, como somos um país populoso, atingimos o décimo lugar mundial em número total de suicídios, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No espectro do comportamento autoagressivo, o suicídio é a ponta de um iceberg. Estima-se que o número de tentativas supere o de mortes em pelo menos dez vezes. Um inquérito populacional elaborado pela OMS e levado a cabo por pesquisadores da Unicamp apurou que, em cada cem habitantes da cidade de Campinas, 17 já haviam pensado seriamente em pôr fim à vida e três efetivamente tentaram o suicídio.

A causa de um suicídio é invariavelmente mais complexa do que um acontecimento recente que salta à vista e que é tomado como explicação rápida para o ocorrido.

A perda do emprego ou o rompimento de um relacionamento amoroso geralmente são os fatores precipitantes. Na maioria das vezes, pessoas que põem fim à vida sofrem de um transtorno mental subjacente (fator predisponente) que aumenta a vulnerabilidade para o suicídio. Depressão e dependência de álcool são os mais frequentes.

Recentemente, nossa sociedade vem-se abrindo para discutir o tema-tabu. O suicídio passou a ser enfrentado na arena da saúde pública. Um exemplo disso é a parceria firmada entre a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e a Rede Globo, a partir da qual inserções de 30 segundos entram na programação da televisão.

Há, hoje, considerável informação a respeito do que, em vários países, deu certo em prevenção.

Exemplo recente foi um estudo realizado em serviços médicos de vários países, entre os quais o Hospital de Clínicas da Unicamp, que acompanhou, desde o atendimento em um pronto-socorro, 1.867 pessoas que tentaram o suicídio.

Metade delas, após sorteio, foi acompanhada por meio de telefonemas periódicos. Após 18 meses, o número de suicídios nesse grupo foi, comparativamente, dez vezes menor. Com os telefonemas, a tentativa de suicídio deixou, assim, de ser um pedaço de história a ser esquecido ou silenciado.

Em agosto de 2006, o Ministério da Saúde publicou as diretrizes que orientariam um Plano Nacional de Prevenção do Suicídio. O plano ainda não saiu. É preciso transformar as diretrizes em ações assistenciais baseadas em evidências científicas, as quais, por sua vez, poderão orientar novas políticas de prevenção e estratégias de atendimento.
Na área da saúde, isso constitui um desejado círculo virtuoso entre política, assistência e pesquisa, que não é simples de ser alcançado.

NEURY JOSÉ BOTEGA é professor titular do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), representante nacional na Associação Internacional de Prevenção do Suicídio e coordenador da Comissão de Prevenção de Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Fonte: Folha online