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21 de junho de 2010

Iniciativas que priorizam o trabalho na recuperação da esquizofrenia


O trabalho é um dos pilares na recuperação da esquizofrenia e um dos objetivos mais almejados por terapeutas, familiares e pacientes. Por isso ele foi tema de diferentes mesas redondas nesta Segunda Conferência Internacional da Sociedade de Pesquisa em Esquizofrenia, em Florença, Itália, realizada em maio de 2010.

Um consenso entre os especialistas é que o trabalho deve ser pensado caso a caso, ou seja, existem pacientes que podem retornar ou ingressar no mercado de trabalho, mas para outros isto pode significar maior instabilidade e risco de recaídas. Outro ponto fundamental é a vontade e a capacidade do próprio paciente. Se voltar a trabalhar é factível e um desejo, isto precisa ser considerado como uma das prioridades do tratamento e o paciente deve ser preparado para retornar tão logo tenha condições clínicas para isso. Não é necessário, contudo, que ele esteja totalmente recuperado ou livre de sintomas. Seu estado deve permitir que ele possa assumir suas responsabilidades, ainda que com algum grau de dificuldade, mas que o trabalho seja mais uma forma dele se recuperar da doença.

Incluir o trabalho no hall de terapias psicossociais parece, então, fundamental para que este objetivo seja finalmente alcançado. Dr. Keith Nuchterlein, da Universidade da Califórnia, enfatizou o programa conhecido por IPS (Individual Placement and Support), ou Suporte e Colocação Individual. Por ele, o paciente recebe treinamento e suporte contínuo, enquanto trabalha, através de um treinador de trabalho (job coach). Este profissional é capaz de orientá-lo e ajudá-lo nas necessidades que surgirem, avaliando junto à equipe médica cada etapa. Apesar do treinamento prévio, 60% do tempo do programa é com o paciente na comunidade e enfrentando os desafios do dia-a-dia. Entre os especialistas existe, inclusive, a percepção de que uma etapa de treinamento muito longa e exaustiva prejudica o retorno.

“Antes do retorno é preciso investigar os estressores e a relação do paciente no ambiente de trabalho. O treinamento ajuda a reforçar os pontos fracos e a preparar o paciente para os conflitos identificados pelo treinador”, afirma Dr. Keith. Este programa recebeu 74% de aprovação entre os pacientes, 86% retornaram ao trabalho dentro de um prazo de seis meses e 90% permanecem trabalhando 18 meses depois. A eficácia é quase duas vezes superior ao grupo que voltou a trabalhar sem participar do programa. “Isto mostra a necessidade de metodologias voltadas para a reinserção no mercado de trabalho e isto precisa ser incorporado no arsenal terapêutico da esquizofrenia se quisermos recuperar melhor nossos pacientes para uma vida mais produtiva”, conclui.

Dr. Barnaby Major, da Universidade de Londres, reforça que o objetivo final não é o trabalho em si, mas a qualidade de vida e a auto-estima dos pacientes, e que o melhor momento de voltar ao trabalho deve ser decidido por eles. “Eles participam de grupos de psicoeducação e de treinamento para o trabalho até sentirem-se preparados e aptos”. O programa de volta ao trabalho inclui pacientes que participam de programas de intervenção precoce, ou seja, aqueles que tiveram um único surto ou que apresentam sintomas da esquizofrenia, mas ainda não surtaram. “Quanto mais cedo nos preocuparmos com a reabilitação vocacional, maiores serão as taxas de retorno ao trabalho e menores os índices de cronificação, pois o trabalho contribui para o sentimento de valor e inserção social, elevando a auto-estima, reduzindo o estigma e ampliando o sentido de recuperação”, conclui.

Dr. Eion Killackey, da Universidade de Melbourne, enfatizou que programas de intervenção precoce e trabalho em saúde mental devem ser uma prioridade de governo e citou o plano de estratégias em Saúde Mental traçado pelo Governo Australiano até 2019. O Victorian Mental Health Reform Strategy 2009-2019 foi desenvolvido por consumidores, profissionais e autoridades do sistema de saúde australiano e reúne os compromissos para ampliar a participação das pessoas portadoras de doenças mentais graves na comunidade na próxima década. Projeto semelhante e conhecido por RAISE (Recovery After na Initial Schizophrenia Episode) foi desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA e preocupa-se em melhorar a participação social e a recuperação dos pacientes portadores de esquizofrenia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Estas iniciativas de propiciar trabalho para portadores de esquizofrenia irão surtir efeitos promissores na recuperação dos doentes, melhorando sua auto-estima e valorizando suas potencialidades. Recomendo a todas as pessoas que se interessam pela importância do trabalho para pessoas portadoras de esquizofrenia no Brasil , que leiam o artigo disponível em PDF intitulado: Trabalho, organização e pessoas com transtornos mentais graves de autoria de Paulo César Zambroni de Souza.É interessante porque menciona a necessidade de se pensar no trabalho para estas pessoas não apenas como terapia, mas sim como garantia de remuneração e reinserção social. Além de entender a dimensão do trabalho na história, e a luta dos operários para ter sua voz ouvida, e a repercussão da ergologia para se pensar nas condições de trabalho para pessoas com transtornos mentais graves. Antes de se pensar que os portadores de esquizofrenia são incapazes para o trabalho, temos que vê-los trabalhando mais e ouvir suas opiniões sobre a satisfação com que desempenham sua função e todas as melhorias que o trabalho proporciona.

silvia disse...

Eu acredito nisto,pois com uma irmã nesta situação é muito dificil encontrar um local com segurança e confiança.Sei que a ocupação para todos é ocupar tempo, mente e ter a satisfação de se sentir útil e capaz.Já enviei para o sr. um depoimento sobre minha irmã, ela é controlada com remédio, gosta de sair e conversar quando está bem.O incentivo é bom para qualquer ser humano, principalmente para aqueles que são mais expostos a preguiça, comodismo, e outros.Adorei o postado pelo sr.Dr. Leonardo.Abraços.